O Encontro das Culturas Indígenas começou hoje (13), na capital paulista, com representação de 70 etnias do país que apresentam oficinas de artesanato e de pinturas corporais, intervenções culturais com danças tradicionais e roda de histórias como parte da programação, que segue até o dia 16 no Sesc Belenzinho, zona leste paulistana.
A atividade, promovida pelo Ministério da Cultura, faz parte de um evento mais amplo, que envolve também o Fórum Nacional das Culturas Indígenas, no qual líderes de etnias diversas discutem um documento sobre políticas públicas culturais para essa população.
A artesã tupinambá Maria de Fátima Muniz, de 48 anos, é uma pataxó hã-hã-hãe e veio da Bahia para apresentar a produção da sua comunidade e para trocar experiências com outros grupos. “Tem índios de várias etnias e os artesanatos são diferentes”, disse Fátima. Além do artesanato, a tupinambá fala um pouco sobre o toré, festa que reúne os pataxós de toda a região em que ela mora. O toré é um ritual, cantado em situações de alegria, tristeza ou celebrações, em geral.
Fátima diz que nunca teve vergonha de ser índia, apesar do preconceito, mas durante muito tempo, quando a terra do seu povo não ainda era demarcada, sentia medo de se afirmar como tal, “por causa dos fazendeiros, que matavam, roubavam, batiam”. Segundo a artesã, a comunidade luta agora para voltar a falar o idioma tupi.
O cinegrafista Bepunu Kayapó, de 34 anos, que veio da aldeia Môxkarakô, no sul do Pará, disse que usa seu trabalho para contar a história do seu povo. “Estamos lutando para defender a terra indígena, a cultura, o canto, os rituais. Todos nós estamos mostrando a cultura para quem não a conhece”. Ele diz que, apesar de estar em uma terra homologada, garimpeiros, grileiros e fazendeiros ainda ameaçam o direito dos índios “por causa de minério, madeira e da folha que se chama jaborandi. Mas estamos lutando para defender aquela terra e a cultura indígena”.
A Bep é uma festa tradicional na aldeia de Bepunu, da etnia kayapó. “É uma festa de noiva. No início da festa, a sogra tem que escolher qual rapaz que vai registrar para ter segurança de que, quando ele crescer, vai casar com a filha dela. Depois de registrado, não pode namorar com outra pessoa, tem que ser com aquela mulher.” Na mesma celebração, crianças recebem um nome: “É para doar nome para as crianças. A comunidade toda participa.”
Lígia Zamaro, assistente do Programa de Diversidade Cultural do Sesc, destaca que o encontro é uma oportunidade para o público conhecer mais da cultura indígena em uma experiência de intercâmbio livre. “Essas populações trazem um pouco dos seus componentes culturais. O motivo desse trabalho é mostrar a representação das etnias como um momento de celebração cultural e possibilidade de troca também com essas culturas urbanas.”
A programação completa do Encontro de Culturas Indígenas pode ser acessada aqui.
Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil
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