O governo brasileiro está otimista sobre o fechamento de um acordo internacional durante a 21ª Conferência das Partes (COP 21), que será realizada em Paris, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro deste ano, reunindo 196 países. A posição foi defendida nesta terça-feira (30) pelo chefe da Divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Itamaraty, ministro Everton Lucero, ao participar de debate sobre mudanças climáticas e gestão de recursos hídricos, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

“É claro que dá para ser otimista. Nós hoje estamos tratando questões como mudança do clima, adaptação, redução de emissões, que são cada vez mais centrais ao processo de desenvolvimento. Isso não se via 20 anos atrás”, explicou o ministro, que fará parte da delegação brasileira na COP 21.

Lucero sustentou que o Brasil tem papel importante, não só pela grande biodiversidade, mas por ser um articulador global para uma solução conjunta, que atenda a todos os países que estarão representados no encontro. Entre outros objetivos, o principal é evitar que a temperatura suba além de 2 graus Célsius, por causa do aquecimento global, disse ele.

Na sua opinião, o Brasil tem contribuído para todo o processo preparatório da COP 21 de uma forma clara e objetiva. O país já apresentou, inclusive, propostas concretas com vistas ao consenso, de  modo que permitam um acordo efetivo, ambicioso e justo. Daí sua “expectativa de que nossas propostas se concretizem por meio da negociação junto a diversos países”.

O diplomata disse acreditar na evolução dos acordos feitos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Rio 92, que três anos depois resultaram na Convenção do Clima.

A COP 21 tem este nome porque é a 21ª Conferência das Partes da Convenção do Clima. Ou seja, há 21 anos, desde que a convenção entrou em vigor, em 1995, e a cada ano há um incremento nessa evolução. De acordo com o ministro, “a COP 21 será não um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Nós queremos que o acordo que saia de lá seja duradouro e leve os países, ao longo do tempo, a migrar para uma economia de baixo carbono”.

Lucero comentou a estagnação atual do mercado de carbono, que estaria sofrendo achatamento pela falta de compromissos mais ambiciosos por parte dos países. Para todo mercado, disse ele, é preciso ter oferta e demanda. “Hoje, apesar de termos sido muito bem sucedidos em projetos de mitigação que geraram créditos de carbono para serem colocados no mercado, do outro lado, que seria a demanda por esses créditos, as coisas não evoluíram da mesma forma”, revelou.

Isso porque, pelas regras atuais, são os países desenvolvidos que precisam assumir compromissos mais efetivos de redução de emissões, até 2020, para que tenham a necessidade de adquirir créditos de carbono no mercado internacional. Então, “sem esses compromissos mais ambiciosos, não se justifica a existência do mercado, e o preço naturalmente cai”, segundo Lucero.

Mais informações sobre a COP 21 podem ser obtidas na página oficial do evento na internet (www.cop21.gouv.fr).

Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro