Em reuniões com as Frentes de Proteção e parceiros foi elaborada uma proposta conjunta de plano de trabalho e agendas de cooperação nas regiões contempladas pelo projeto.

Centro de Formação dos Povos da Floresta, em Rio Branco (AC)

Centro de Formação dos Povos da Floresta, em Rio Branco (AC) (Fotos: Nathália Clark)

Dando sequência à etapa de planejamento das atividades relacionadas ao projeto FAM Isolados, nas últimas semanas de abril as equipes do Centro de CTI (Centro de Trabalho Indigenista) e da CGIIRC-Funai (Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados da Fundação Nacional do Índio) se revezaram entre os estados amazônicos do Pará e Acre para mais duas reuniões.

Entre os dias 18 e 20 de abril, a primeira delas, que aconteceu em Alter do Chão (PA), abrangeu as ações vinculadas às Frentes de Proteção Etnoambiental Cuminapanema (PA) e Awá-Guajá (MA). Na sequência, nos dias 23 a 26, aconteceu a segunda reunião, no Centro de Formação dos Povos da Floresta, na sede da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC), em Rio Branco. Esta última contemplou as agendas das FPEs Envira (AC), Purus (AM) e Vale do Javari (AM).

Como encaminhamento geral foram propostas algumas ações conjuntas, como reuniões com entidades locais parceiras, organizações indígenas, CTLs (Coordenações Técnicas Locais) e CRs (Coordenações Regionais) para disseminação e nivelamento de informações sobre o projeto, apresentação das equipes técnicas, pactuação e aprovação da proposta de plano de trabalho; viagens às aldeias para ambientação dos assistentes técnicos; e oficinas de capacitação dos funcionários e colaboradores das Frentes. Além disso, também foram definidos os recortes territoriais prioritários para cada região.

Foram apresentadas também sugestões de ações específicas para cada Frente e suas respectivas áreas de atuação. Para a FPE Awá, foi colocada a necessidade de um levantamento, a ser realizado pelos assistentes técnicos do CTI, sobre a situação de saúde, além de viagens de campo às aldeias para repasse de informações sobre o histórico do sistema de atendimento à saúde indígena, realização de oficinas e controle social da política de saúde com conselheiros indígenas.

Reunião de Planejamento com as equipes da Frentes de Proteção Awá-Guajá e Cuminapanema

 

Com relação ao componente de localização de índios isolados, foi proposta a realização de algumas expedições ao longo do ano para qualificação de registros em regiões prioritárias no âmbito das FPEs Javari, Cuminapanema e Purus, tendo em vista a situação de vulnerabilidade de determinados povos nesses territórios.

Nas atividades propostas estão inclusas oficinas de capacitação em contextos de pós-contato, como é o caso das FPEs Envira e Javari, para servidores e colaboradores indígenas, e a perspectiva de realização de um intercâmbio entre os povos de recente contato Zo’é e Awá para troca de experiências com relação ao trabalho na área de saúde.

Sobre a importância da participação indígena no diálogo e definição de estratégias para o trabalho com povos isolados, o antropólogo, indigenista e um dos fundadores da CPI-AC, Terri Aquino, frisou: “Não se pode pensar políticas públicas para índios isolados hoje sem ter a presença e a contribuição efetiva dos povos indígenas do ‘entorno’ dessas áreas, que muitas vezes são territórios compartilhados entre essas populações.”

Encontro na sede da Comissão Pró-Índio do Acre reuniu funcionários e colaboradores das FPEs Envira, Javari e Purus, além de coordenadores regionais, CTLs e parceiros locais

 

Com relação à agenda internacional, houve indicativos de fortalecimento e continuidade de ações e estratégias já existentes para regiões transfronteiriças, assim como mapeamentos, onde as articulações ainda são incipientes, de organizações da sociedade civil – indígenas e indigenistas – atuantes em temas relacionados à defesa de direitos indígenas e proteção de índios isolados, bem como órgãos e instâncias governamentais, para estruturação de ações de cooperação. Também nesse âmbito, foi levantada a necessidade de pressionar o governo brasileiro a se recolocar como liderança no cenário ambiental internacional e no que diz respeito à demarcação das terras indígenas. 

FONTE: CTI

http://www.trabalhoindigenista.org.br/noticia/encerrada-mais-uma-etapa-de-planejamento-do-fam-isolados