Pode ser por pouco tempo, mas a enchente, que já fez estragos nas calhas dos rios Juruá, Purus, Solimões e Madeira, promete uma “despedida” nada agradável, principalmente para o Município de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus). De acordo com o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), André Santos, de ontem para hoje, se o rio Solimões subir apenas cinco centímetros, a terra das Cirandas terá atingido a maior cheia da história.
A subida do Solimões foi muito forte. Foi a maior de todas, tanto que o Município de Fonte Boa, no Médio Solimões, ultrapassou em 60 cm o recorde anterior.
Em Manaus, a cheia do rio Negro já é a quinta maior de todos os tempos (29,55m), superando em cinco centímetros a do ano passado, cuja cota máxima foi de 29,50cm. Com um detalhe: em 2014 a marca foi alcançada no final de junho.
No início do ciclo, o Negro estava enchendo dentro da normalidade, mas como é represado pelo Solimões, o efeito é inevitável. Entretanto, Santos acredita que em dez dias os rios entrarão em processo de vazante.
Ele se baseia no fato de, nos últimos dias, a média de subida, principalmente do Negro, ter sido de, no máximo dois centímetros por dia.
Todavia, ele não descarta a possibilidades de surpresas. “É uma cheia grande, a quinta maior da história, mas o ritmo está mais lento. Mas não podemos ignorar as imprevisibilidades da natureza. Trabalhamos com matemática, estatística e história, mas em 2009 foram contrariadas todas as lógicas e previsões. Normalmente a água para de subir em junho, mas naquele ano houve um grande repiquete e o rio subiu estupidamente em julho”, lembra.
Todos os anos, o CPRM faz três alertas de previsão de cheia para Manaus nos meses de março, abril e maio, além de fazer o monitoramento mensal de algumas estações espalhadas no Estado.
Embora as águas tenham começado a descer nos municípios próximos à fronteira, a situação continua crítica. Tabatinga, Fonte Boa, Tonantins, Tefé, Coari estão todas embaixo de água. Sem falar em Boca do Acre, no rio Purus, única que continua em situação de calamidade pública.
Água na Ponte dos Bilhares
De acordo com nota divulgada nesta quinta-feira (11), a Prefeitura de Municipal de Manaus deu início ao serviço de contenção das águas do igarapé do Mindu que começaram a invadir as alças inferiores da ponte dos Bilhares, na Chapada, Zona Centro-Oeste. O trabalho foi iniciado ontem pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf).
As alças são utilizadas pelos motoristas que trafegam pela avenida Constantino Nery e possibilitam o retorno em ambos os sentidos: bairro/centro e centro/bairro. As alças dão acesso, ainda, ao Parque Ponte dos Bilhares.
A Seminf e o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) descartam, por enquanto, a interdição das alças. O Manaustrans reforça, também, que os veículos podem trafegar pela via normalmente.
O trabalho no local deve ser finalizado nesta sexta-feira quando será feito o recapeamento da pista, caso a retenção da água tenha causado desgaste ao asfalto existente no local.
Em números
435,3 mil
É o número de pessoas afetadas pelas enchente deste ano nos rios do Amazonas, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado, o que representa 87.048 famílias.
526
Toneladas de alimentos é o total de ajuda humanitária distribuida pelos governos às famílias atingidas pela enchente, incluindo kits dormitório, de higiene e medicamentos.
68
Metros cúbicos de madeira, mais 750 kit’s (tábuas, caibros e ripões) foram enviados aos municípios Careiro da Várzea, Anamã, Anori, Manacapuru e Itacoatiara.
42
É o número de municípios do Amazonas que foram considerados em situação de emergência. Outros cinco estão em situação de alerta, enquanto Boca do Acre, em calamidade pública.
Dados sobre a situação no Estado
Em Parintins, o rio Amazonas está a apenas 26 centímetros abaixo da cota máxima registrada na cheia histórica de 2009 (a maior do município).
Na bacia do rio Madeira as águas estão em processo de vazante, mas os moradores dos municípios continuam castigados pelos efeitos da enchente.
A maior cheia do rio Negro em Manaus ocorreu em 2012, atingindo 29,97m. Anteriormente, as quatro maiores tinham sido as de 2009 (29,77m), 1953 (29,69m), 1976 (29,61m) e a de 2014 (29,50m).
Jornal A Crítica
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