O Sigap, que reuniu especialistas da América Latina, é uma realização do Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia (MPGAP) do Inpa, e teve objetivo de promover um intercâmbio regional e internacional para uma reflexão sobre as práticas de gestão implementadas na Amazônia

“As Áreas Protegidas se mostram efetivas em conter o desmatamento na Amazônia para todos os tipos de categorias de uso”. A afirmação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Paulo Maurício Graça, na palestra “Impactos das Áreas Protegidas em relação ao desmatamento e degradação”, na manhã desta sexta-feira (22), durante o último dia do Seminário Internacional de Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia (Sigap).

Durante sua palestra, o pesquisador que serviu como moderador na mesa-redonda “O impacto das áreas protegidas sobre o processo de desenvolvimento no país” discorreu sobre a importância das Áreas de Proteção para conter o desmatamento e também como elas se comportam diante dos desmatamento e da degradação florestal. “As Áreas de Proteção agem de uma maneira importante em deter o avanço do desmatamento como uma política de contenção do desmatamento, mas também ela não foca somente na proteção”, explicou Maurício Graça. 

O pesquisador também expôs como cada tipo de Unidade de Conservação funciona. Segundo ele, diferentes tipos de categorias de uso têm diferentes comportamentos diante do impacto do desmatamento. “Nesse sentido, os gestores precisam ter uma ideia de como gerir esses espaços, porque as Unidades de Conservação não protegem integralmente o desmatamento que também ocorrem no interior delas”, disse.

A coordenadora do evento e pesquisadora do Inpa Rita Mesquita demonstrou satisfação com a qualidade das apresentação dos palestrantes. “Porque este espaço está permitindo tratar de assuntos que são importantes para as Áreas Protegidas na Amazônia, mas que algumas vezes sentimos certas dificuldades em não conseguir cruzar as barreiras das diferentes áreas de conhecimento”, comentou.

Para a pesquisadora, neste último dia do seminário está sendo debatido como aproximar o conhecimento tradicional do conhecimento acadêmico e científico. “Estamos tratando quais são as competências que o gestor deve receber na sua formação para que possa desempenhar com maior capacidade possível o seu papel dentro do sistema de Áreas Protegidas”, disse. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, o público participante do evento está recebendo e assistindo as experiências que estão acontecendo em outras partes da América Latina e mesmo em escala global. “É importante que o Inpa consiga ver como deve se inserir nestas discussões, porque o Instituto vai trazer toda a carga da experiência que existe na vivência amazônica. E a Amazônia dentro da amplitude do sistema de Áreas Protegidas global tem um papel muito importante”, ressaltou.

Para Cesar Haag, da empresa Sociológica – Pesquisa e Consultoria e um dos participantes do evento, esta é uma iniciativa muito importante para discutir a gestão de Áreas Protegidas na Amazônia. Na opinião de Haag, os palestrantes estão trazendo conteúdos informações interessantes que vêm acrescentar experiência na gestão de áreas protegidas na Amazônia. “O público é qualificado e tem promovido bons questionamentos e estou gostando muito neste sentido”, disse.

Mudanças climáticas

Durante a tarde, o seminário prosseguiu com a realização da conferência “O papel das áreas protegidas em tempos de mudanças climáticas”, com o pesquisador do Inpa, Philip Fearnside. Ele fez uma explanação dos impactos sobre as Áreas Protegidas e ameaças para a sobrevivência dessas áreas. De acordo com o pesquisador as Áreas Protegidas têm papel importante no ciclo de água que é essencial para as chuvas em todo Brasil.

Ele explicou que se essas grandes áreas se transformarem em pastagem não haverá mais esse fluxo de água no Brasil, o que é essencial para manter a floresta amazônica. Outro papel importante das Áreas Protegidas é manter o peso certo das árvores em Carbono. “Se as árvores são queimadas elas se transformam em gás carbônico, e se morrem vão apodrecer e contribuir para surgimento de outros gases de efeito estufa, por isso é importante manter a floresta viva”, ressaltou Fearnside.

Texto e foto: Luciete Pedrosa/Ascom Inpa