Ainda era madrugada quando a equipe do Bom Dia Brasil saiu de Manaus. Foram seis horas de viagem pela BR-174 até o sul de Roraima, onde acompanhamos um grupo de 30 ativistas do Greenpeace que decidiu investigar a derrubada da floresta na região. Por terra e pelo alto, o que se viu foi muita destruição.
Os ambientalistas foram a campo depois de analisar os dados mais recentes do Instituto Imazon, que monitora o desmatamento na Amazônia.
Em fevereiro deste ano, Roraima foi o segundo estado que mais desmatou a floresta. Perdeu 1.200 hectares de vegetação, só ficando atrás de Mato Grosso.
Em um ano, de acordo com o Imazon, o desmatamento em Roraima aumentou 58%. As derrubadas se concentraram em oito assentamentos do Incra e em áreas particulares que possuem autorização para a extração de madeira.
A placa indica que existe no local um plano de manejo florestal sustentável, mas olhando em volta não é o que se percebe. Segundo os ativistas, esse é o tipo de desmatamento mais predatório. É o chamado corte raso, quando madeireiros usam tratores para derrubar praticamente toda a vegetação, e depois fazer a queimada.
De acordo com o Greenpeace, no local foram desmatados 360 hectares de floresta nativa, e o objetivo não foi apenas extrair madeira, mas também abrir terreno para a instalação de uma fazenda de criação de gado e produção de grãos.
Saulo se apresentou como representante do dono do terreno e também da empresa R.R. Madeiras, que derrubou as árvores mais valiosas antes do corte raso. Ele confirmou que a área está sendo transformada em pastagem, mas com autorização da Fundação do Meio Ambiente de Roraima.
Segundo o empresário, o documento permite que sejam desmatados 400 hectares no local, que correspondem a menos de 10% da propriedade. “Tudo autorizado, inclusive a queima também foi autorizada. O Ibama inclusive já veio, já tomou noção, foi vistoriado da queima, está tudo correto”, afirmou Saulo Batistezani.
Apesar de ter mostrado a licença ambiental, a madeireira é uma das seis empresas do setor que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público em Roraima. De acordo com as investigações, a R.R. Madeiras é suspeita de desmatamento ilegal em terras da União e de adulterar documentos de origem florestal para acobertar a madeira retirada de áreas sem autorização. Hoje a madeireira só está funcionando por causa de um mandado de segurança.
“Manter a floresta em pé é fundamental. Sem floresta não tem água”, diz uma representante do Greenpeace.
Na medição do Inpe, que é a oficial do governo, o desmatamento, em Roraima, aumentou quase 40% entre 2013 e 2014 – uma devastação de mais de 23 mil hectares de floresta. O Ibama não quis comentar a análise do Imazon.
Fonte: Bom Dia Brasil/Globo
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– http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/edicoes/2015/04/10.html
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