O Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) promoveu nesta última terça-feira (31), no Auditório da Ciência, a palestra sobre a importância da floresta amazônica para a regulamentação do clima no Brasil, cujo titulo foi “A água da Amazônia irriga o Sudeste?”.
O evento contou com a participação de dois renomados pesquisadores brasileiros: Luiz Antônio Candido, pesquisador do Inpa, e Carlos Rittl, do Observatório do Clima (OC). Além da participação dos provocadores: Ricardo DalaRosa, pesquisador do Inpa, Naziano Filizola, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e Rita Valéria Andreoli, professora da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Ficou responsável pela mediação do debate a gerente científica do LBA, Muriel Saragoussi.
O pesquisador do Inpa Luiz Antônio Candido, no decorrer da sua palestra, apresentou gráficos sobre as condições climáticas na atmosfera do Brasil e da América do Sul, e também comparações entre os anos mais chuvosos do Brasil e seus respectivos períodos de chuvas, além de ressaltar a importância das chuvas na Amazônia para determinação da fisiologia climática do país.
“Conforme as mudanças climáticas causadas pela ação humana avançam, o ciclo hidrológico da Amazônia vem se modificando e sendo considerado crítico. Esse ciclo tem uma enorme importância no clima mundial, pois as árvores têm a capacidade de absorver a água do solo e liberá-la, em forma de umidade, na atmosfera, mantendo o ar em constante movimento e levando chuvas para o continente.” disse o pesquisador, que logo após explicou a importância dos rios voadores no Brasil.
“Esses rios voadores, que é toda umidade lançada na atmosfera pela floresta e transportada para regiões distantes, são capazes de irrigar o sul, sudeste e o centro-sul do país. Esses mesmo rios voadores ainda exportam água também para a Bolívia, Paraguai e Argentina”, explicou.
Segundo os dados apresentados na palestra, são 20 trilhões de litros de água bombeados por dia pela floresta amazônica e jogados na atmosfera, fator importante que contribui para a economia agrícola do Brasil e de outros setores industriais que dependem deste ciclo hidrológico da umidade que circula na atmosfera por meio da floresta.
Gases de efeito estufa
O pesquisador e secretário-executivo do Observatório do Clima Carlos Rittl, falou sobre os dados coletados pelo Observatório onde apontou a crescente produção de gases gerados pelo Brasil e lançados na atmosfera.
“Nos anos de maiores desmatamentos da Amazônia houve aumento na produção de gases causadores do efeito estufa. Atualmente o Brasil está ocupando o sétimo lugar na emissão desses gases, mesmo com uma queda significativa nos últimos dez anos. O Brasil, desde 2013, aumenta anualmente 7% à produção de CO2”, afirmou o Rittl.
Ao final da apresentação dos pesquisadores Luiz Antônio Candido e Carlos Rittl, iniciou-se o debate entre os provocadores, onde foram analisados meios estratégicos para tornar a região Amazônica em um novo modelo de desenvolvimento e economia. Dentre os temas debatidos também estava a emergência climática, a crise hídrica e energética em qual o Brasil se encontra, onde foi discutido formas de planejamento e adoções de modelos sustentáveis com baixo uso de carbono nos setores industriais, automobilístico e agropecuários.
Texto por Caroline Rocha/Ascom Inpa
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