Quem espera aumento no volume de chuvas no Sudeste pode se preparar para o contrário. O cenário de instabilidade climática deve resultar em períodos de estiagem cada vez mais longos, demandando políticas de economia e de reuso de água, para evitar um colapso. Esse diagnóstico e suas repercussões na economia, na agricultura e na sociedade foram discutidos nesta quarta-feira (15), pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC). 

Para o pesquisador do Centro de Previsão de Tempos e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Paulo Nobre, é necessário pensar a longo prazo.

Embora tenham sido registradas chuvas nos meses de fevereiro e março, com pequeno aumento no volume dos reservatórios do Sudeste, os estudos apontam que a crise deve continuar. “Precisamos nos preparar e nos adequar para um País que apresentará extremos cada vez maiores, tanto de temperatura, quanto de abundância ou falta de água”, afirmou.

Megacidades
Os especialistas ressaltam que as megacidades são mais afetadas porque as chuvas escoam para rios poluídos, como o Tietê e o Pinheiros, em São Paulo, cujas águas não podem ser usadas para abastecimento.

Para o superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Guedes Correa Gondim Filho, as soluções para a crise hídrica nas grandes metrópoles não podem ser viabilizadas em curto espaço de tempo, porque as ações necessárias são complexas e de alto custo. “O planejamento com base na experiência é essencial, assim como a gestão da demanda, com o uso racional da água”, afirmou.

Desperdício
Já o presidente da comissão, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ressaltou que um bilhão de pessoas no mundo não têm acesso regular à água. Enquanto isso, no Brasil, a média de desperdício nas companhias estaduais de abastecimento chega a 40%.

Bezerra Coelho, que foi ministro da Integração Nacional por três anos, também reclamou do improviso na definição dos investimentos e defendeu a cultura da eficiência e do uso racional dos recursos naturais. “É preciso investir na preservação das matas ciliares, dando vida aos rios, garantindo água para abastecer populações, produzir alimentos, gerar energia e promover um desenvolvimento equilibrado”, disse.

Conferência da ONU
A comissão também vai realizar audiências públicas regionais sobre este assunto. O objetivo é elaborar um documento que será apresentado em novembro, na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP-21), em Paris.

Da Redação – RCA

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