O secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, disse que os casos de incêndios florestais em Roraima, por causa da forte estiagem, são considerados tão graves que começam a ser comparados com os de 1998, considerado o “incêndio do século”, que devastou 25% das áreas de mata de todo o Estado.
“A situação é urgente. Em alguns lugares os focos de incêndios estão comparáveis aos de 98. Além disso, o nível do Rio Branco chegou ao mais baixo da história. E se não começar a chover até março, o que não deve acontecer, vamos ficar em uma situação crítica”, alertou.
De acordo com a Defesa Civil, mais de 40 focos de incêndios e queimadas foram combatidos no interior somente este mês. “O número pode parecer pequeno, mas o problema é a dimensão desses focos. Em Mucajaí, por exemplo, uma imensa área de preservação ambiental quase foi atingida”.
Para Ferreira, além dos efeitos climáticos, causados pelo fenômeno “El ninõ”, a ação do homem é a principal responsável pelo agravamento do período de estiagem em Roraima. “A causa não é simplesmente o clima, o fator principal de toda essa seca em nosso estado se deve ao desmatamento das florestas e assoreamento dos igarapés, além das queimadas criminosas de produtores rurais”, ressaltou.
Mais quatro municípios devem decretar situação de emergência
A forte estiagem que castiga o Estado tem se agravado a cada dia, preocupando os órgãos de Defesa Civil, principalmente em relação aos incêndios florestais causados pelo uso descontrolado de queimadas por parte de agricultores e madeireiros em áreas rurais.
Ainda esta semana, um novo decreto deve ser elaborado pelo Governo do Estado para que Cantá, Bonfim, Normandia e Caracaraí se juntem aos municípios de Alto Alegre, Amajari, Iracema e Mucajai, e também decretem situação de emergência.
Segundo o secretário executivo da Defesa Civil em Roraima, coronel Cleudiomar Ferreira, os quatro municípios que solicitaram a situação de emergência ainda precisam apresentar documentos que comprovem o risco de agravamento de estiagem nas áreas. “Inicialmente, fizemos a análise desses municípios para comprovar que estariam na mesma situação dos demais. A gente não tinha dúvidas disso, mas não podemos simplesmente decretar. Precisamos reunir a documentação necessária para que isso seja feito”, afirmou.
Conforme ele, os municípios estão em dificuldade de reunir informações de ordem legal. “Precisamos saber o PIB [Produto Interno Bruto] e orçamento da receita corrente líquida, que são realmente difíceis de conseguir para encaminhar a Brasília”, explicou.
Além dos quatro municípios que devem ser inclusos no decreto, Uiramutã e Pacaraima também solicitaram, junto ao governo, a situação de emergência devido à seca nas localidades. “Sobre esses dois municípios, ainda não temos sequer a certeza de que realmente estão sofrendo com a estiagem. Assim como os outros, devem ser analisados”, reiterou o coronel.
REFORÇO – Roraima recebeu, na semana passada, 46 homens do Corpo de Bombeiros Militar e da Defesa Civil do Amazonas para fazer parte da força-tarefa que vai atuar no combate a focos de incêndios no interior do Estado. Segundo Cleudiomar Ferreira, a ação é estratégica e deve ocorrer nos principais focos de incêndio. “Estamos desde o começo do mês com as bases avançadas no interior. É um tipo de mobilização que não era feito desde 2010, em que estamos deslocando várias equipes para o controle dos principais focos dentro dessas áreas afetadas”, destacou.
CAPITAL- Apesar de apenas os municípios do interior do Estado estarem decretando situação de emergência, os maiores focos de incêndios combatidos pelas equipes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros foram nas áreas rurais de Boa Vista. “É a cidade que sofre o maior número de focos que foram combatidos por nós, mas a diferença é que a Capital tem condições financeiras orçamentárias de dar uma resposta sozinha. Entretanto, se a Prefeitura solicitar, fatalmente deve ser incluído no decreto de emergência”, frisou o secretário.
Relatório aponta necessidade de se decretar situação de emergência
A Secretaria de Comunicação do Governo do Estado afirmou, por meio de nota, que o relatório preparado pela Defesa Civil, em parceira com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) já foi concluído com indicação para a decretação da Situação e Emergência nos municípios de Cantá, Bonfim, Normandia e Caracaraí. “No entanto, a situação ainda não foi decretada, estando em fase de análise para decidir se o decreto anterior, com os municípios de Alto Alegre, Amajari, Iracema e Mucajaí, será ampliado para os outros indicados ou se um novo deverá ser criado”, informou.
Quanto aos municípios de Pacaraima e Uiramutã, a secretaria frisou que a Defesa Civil ainda aguarda a documentação necessária para encaminhar ou não as providências para decreto nessas cidades também.
Por LUAN CORREIA – Jornal Folha de Boa Vista
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