Iniciar a gestão com a participação das comunidades indígenas, essa é a perspectiva do novo secretário indígena, Ozélio Isidório Messias, empossado no dia 2 de janeiro, como secretário da Secretaria de Estado do Índio (SEI/RR).    

Ozélio Isidório Messias, mais conhecido como Ozélio Macuxi, oriundo da comunidade indígena Barro, região do Surumu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Pacaraima, ao lado de Leoma Ferreira, secretária adjunta, da etnia Macuxi, da comunidade indígena Vista Alegre, da Terra Indígena São Marcos, município de Boa Vista, ambos são a perspectiva de uma gestão diferenciada, participativa e transparente que a Secretaria busca apresentar as comunidades indígenas. Considerando que, há décadas o histórico da relação entre governo e povos indígenas de Roraima, sempre foi uma questão de conflito e nunca de parceria.

Porém, com o cenário de conquista de espaço e participação política, os povos indígenas, por meio das organizações indígenas e outras representatividades também assumem o compromisso junto à equipe empossada, de cumprir com as atribuições da Secretaria, tornando-a um espaço de fato e de direito, dos povos indígenas de Roraima.

Nesse sentido, iniciando as primeiras atividades, o secretário indígena realizou na manhã de ontem, 15, na sede da Secretaria, localizada no Centro de Artesanato Ko`go Damina, em Boa Vista, uma reunião com a participação das organizações indígenas, associações e cooperativas indígenas de produção, para ouvir as demandas oriundas das comunidades indígenas e juntos construírem o Plano Plurianual (PPA) de 2015, que deverá ser encaminhado em março desse ano.

Participaram dessa reunião, mais de doze organizações e associações indígenas, entre as quais, as mais atuantes no Estado, Conselho Indígena de Roraima (CIR), Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIRR), Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), Associação dos Povos Indígenas de Roraima (APIRR), Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos (APITSM), Associação dos Povos Indígenas Wai-Wai (APIW), além das cooperativas de produção e as organizações indígenas que atuam nas questões indígenas de Boa Vista.

O coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Mário Nicacio, reforçou a atuação política, social e cultural da organização indígena em defesa dos direitos indígenas, além de reforçar também o apoio e parceira com as instituições que tem competência para tratar as questões, inclusive, com a Secretaria do Índio. Durante a apresentação, o coordenador entregou exemplares da publicação “Amazad Pana`adinh- Percepções das Comunidades Indígenas sobre Mudanças Climáticas”,trabalho realizado com três terras indígena, Manoá-Pium, Malacacheta e Jacamim, onde apresentam demandas que precisam ser implementadas.

Ozelio Macuxi complementou dizendo que o caminho inicial é ouvir, conhecer mais, a realidade e as necessidades das comunidades indígenas, para depois, de forma coletiva, elaborar os projetos que possam atender em tempo hábil as ações concretas, além disso dar visibilidade ao trabalho que deverá ser feito ao longo do período de permanência na Secretaria.

Entre as demandas de prioridade de atuação, o Secretário destacou a área de produção agrícola e de artesanato das comunidades indígenas, buscando fortalecer e prestar apoio, no sentido de tornar acessível o escoamento, no caso da produção, e do artesanato, a valorização e a comercialização do produto indígena. Embora tenham as inúmeras dificuldades, mas a meta é dar retorno as comunidades indígenas, disse o Secretário indígena.

FONTE:  CIR

Conhecimento tradicional já não é suficiente, diz líder indígena de Roraima

Lideranças indígenas se reuniram com o novo Secretário do Índio do governo de Roraima, o também indígena Ozélio Messias. Os caciques discutiram a atual situação das comunidades indígenas do Estado de Roraima. No total, 12 líderes de organizações, associações e cooperativas participaram do encontro que ocorreu na tarde da última quinta-feira (15), na Secretaria de Estado do Índio (SEA).

De acordo com o secretário, atualmente, a baixa capacidade de produção de alimentos pelas comunidades é a maior dificuldade enfrentada pelos índios dentro das terras indígenas. Segundo Ozélio Messias, o índio conseguiu acompanhar o desenvolvimento de áreas como educação e saúde, mas a agricultura ficou defasada. “Hoje o índio faz uma faculdade e se torna médico, professor, mas não tem conhecimento de como produzir o alimento”, relatou.

Para Messias, o conhecimento tradicional não supre mais a necessidade de produção de alimentos dos povos indígenas de Roraima. Os indígenas precisam de novos conhecimentos, técnicas de adubação e como eliminar pragas que afetam a produção. “Hoje a gente precisa ter o conhecimento tradicional junto com o conhecimento tecnológico. É preciso aproximar os dois”, diz Messias.

O Secretário afirma que sua pasta preparará os índios de Roraima para a produção agrícola dentro da realidade das terras indígenas, pois não tem condição de retirá-los das comunidades e colocá-los na sala de aula. “Na Embrapa é tudo muito fácil porque eles têm o agrônomo, técnico e auxiliar. Mas esse método não funciona nas comunidades. É preciso qualificar nas áreas”, contou ao Portal Amazônia.

Ainda de acordo com o secretário, o principal motivo pelo qual o índio deixa as terras indígenas demarcadas em busca de melhores condições de vida nas cidades é a dificuldade de produção de alimentos nas reservas. “O motivo de centenas de índios trocarem suas comunidades pela capital em busca de uma vida melhor é a falta de incentivo do setor produtivo”, diz Ozélio.

De acordo com Messias, ainda este ano, os índios produtores irão receber cursos de capacitação agropecuária e insumos, para iniciarem a produção de frutas e grãos. A pecuária também é explorada por alguns indígenas que moram no norte de Roraima, na região da terra indígena Raposa Serra do Sol e a pasta pretende contribuir com o desenvolvimento do setor, declarou o secretário.

Ozélio Messias conta que técnicos da Secretária de Estado do Índio trabalham para implantar o “Projeto Gado Novo”. A proposta do programa visa aumentar o rebanho de gado nas comunidades indígenas até o final de 2015. Atualmente, os índios pecuaristas de Roraima criam um rebanho de 65 mil cabeças. Messias afirma que é preciso melhorar o rebanho.

FONTE: QUESTÃOINDIGENA.ORG e https://cir.org.br/ 

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