Quando Roraima começou a receber energia do complexo de Guri/Macágua, na Venezuela, em 2001, os 200 megawatts contratados à época eram mais que suficientes para atender às necessidades do estado. Atualmente, o país vizinho fornece apenas 100 megawatts, enquanto o consumo do estado cresceu e ultrapassa os 160 megawatts.

Para compensar este déficit energético, a Eletrobras passou da condição de distribuidora para geradora de energia, com produção de 60 megawatts provenientes de usinas termelétricas. Somado aos 100 MW fornecidos pela Venezuela, o estado fica no limite da capacidade energética, motivo pelo qual qualquer manobra, como manutenções no sistema, geram quedas de energia.

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020, deste domingo, dia 30, o assessor de Operação, Manutenção e Geração de Energia da Eletrobras, Jocely Ferreira, explicou que a empresa vê com preocupação a anulação da licitação para construção da linha de transmissão de Tucuruí, o que possibilita a conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Recente decisão da Justiça Federal mandou parar a construção do Linhão do trecho que vai da Vila Equador, em Rorainópolis, a Boa Vista, porque o traçado permeia uma comunidade indígena isolada, no Sul do estado.

Ele explicou que diante do atraso da obra, o Ministério das Minas e Energia autorizou a contratação de 129 MW, o que serviria para dar uma segurança energética, caso o país vizinho interrompa o fornecimento até que a interligação seja concluída. No entanto, ele alertou que, conforme as previsões de mercado feitas pela empresa, esta produção atende as necessidade do estado apenas até 2016. “Se o Linhão de Tucuruí não ficar pronto até lá, o estado vai passar por sérios problemas por falta de energia elétrica”, disse.

Isso porque Roraima vem numa linha crescente de consumo, devido ao crescimento populacional e também pela chegada de grandes empreendimentos, a exemplo dos dois shopping centers, recém inaugurados.

Segundo o assessor, a Eletrobras já está se mobilizando para pedir uma providência do Governo Federal, provavelmente, pela autorização para instalação de mais usinas termelétricas. “Este não é o melhor caminho, mas é o que se tem a fazer para que a população não seja penalizada”, comentou.

As usinas já autorizadas para a geração de 129 MW devem ficar prontas neste mês, conforme previsão da Eletrobras. As primeiras a serem concluídas serão a do Distrito Industrial (20 MW) e a de Novo Paraíso, no município de Caracaraí (12 MW), ambas previstas para o dia 15 deste mês. A termelétrica de maior capacidade, no Monte Cristo, com potência de 97 MW, deve atrasar por problemas logísticos durante a execução da obra. “A previsão inicial era que todas estivessem prontas até meados do dia 20, no entanto, deve haver um atraso de alguns dias, mas nada que venha a comprometer”, disse.

DESLIGAMENTO – Um fato que teria sido inusitado, se não fosse a frequência com que vem ocorrendo, marcou a entrevista deste domingo. No exato momento em que era discutida a crise energética no Estado, houve uma queda de energia no bairro São Francisco e adjacências, onde fica localizada a Rádio Folha. Segundo o assessor Jocely Ferreira, estão sendo realizadas manutenções rotineiras, priorizadas aos fins de semana, quando o consumo é menor. “Como não há energia elétrica de sobra, os desligamentos são inevitáveis”, explicou ao adiantar que no próximo fim de semana devem ocorrer novas interrupções, ainda que por pouco tempo.

 
Termelétricas geram energia até oito vezes mais caras

Conforme o assessor de Operação, Manutenção e Geração de Energia da Eletrobras, Jocely Ferreira, as usinas termelétricas geram energia até oito vezes mais cara que as hidrelétricas. Além disso, por ser movida a diesel, a primeira modalidade é mais poluente e agressiva ao meio ambiente.

Segundo ele, esse custo é subsidiado pelo Governo Federal e não impacta diretamente ao consumidor local de maneira imediata, mas é diluído entre consumidores de todo o país.

No mês de março, o Governo Federal anunciou que faria um aporte de mais R$ 4 bilhões para cobrir os gastos extras com o setor elétrico em 2014, no qual estão inclusos gastos para geração de energia em sistemas isolados, como Roraima. Os gastos serão repassados para o consumidor em 2015.

DIFERENÇA – Hidrelétricas e termelétricas e usinas são os tipos de usinas elétricas mais comuns no Brasil. As usinas termelétricas usam o calor da queima de combustível fóssil para gerar energia.  Os impactos ambientais deste tipo de usina são muito grandes, pois a queima do combustível fóssil liberado na atmosfera contribui para o aumento do aquecimento global.

Já hidrelétricas como as que fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), usam a força da água para o movimento da turbina, transformando a energia cinética, propiciada pela força das águas, em elétrica. Por conta da grande e rica hidrografia, o Brasil acaba por utilizar as hidrelétricas como fonte principal de energia.

Por Yana Lima – Folha de Boa Vista

VER MAIS EM:

http://www.folhabv.com.br/novo/noticias/view/id/2679/titulo/Consumo+em+Roraima+est%C3%A1+no+limite+da+capacidade+energ%C3%A9tica+do+estado  

NOVO LINK:

https://www.folhabv.com.br/noticia/Consumo-em-Roraima-esta-no-limite-da-capacidade-energetica-do-estado/2679