Cerca de 60 peças arqueológicas entre materiais de utensílios e de rituais compõem a exposição permanente `Encontrando a Amazônia Antiga’, do Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). As peças arqueológicas que originalmente foram coletadas e catalogadas pela Divisão de Arqueologia marca a presença humana na região há milhares de anos. O Museu Amazônico fica localizado na Rua Ramos Ferreira, 1036, Centro.    

De acordo com a arqueóloga e curadora, professora Myrtle P. Shock, existem registros da ação humana na Amazônia a pelo menos 12 mil anos Antes de Cristo (AC), encontrados no Estado do Para e, mas recentemente no Amazonas, há 7 a 2 mil anos (AC). Segundo a curadora, a exposição é o resultado de 15 anos de trabalho que a Universidade vem desenvolvendo em vários sítios arqueológicos no Amazonas, como nas regiões dos municípios de Iranduba/Manacapuru, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Coari e Manaus.

Mytles Shock disse que o eixo orientador da exposição está voltado aos elementos da vida das pessoas que habitavam essas regiões, daí a origem do título da exposição `Encontrando a Amazônia Antiga’. Queremos mostrar a vida diária das pessoas, como elas viviam e o que faziam. Indo desde o preparo e cozimento de alimentos até os elementos de rituais e funerais, comenta a curadora.

Para ela, a fração mínima de material coletado é apenas uma `entrada ao conhecimento` de povos que viveram e consolidaram suas culturas, a partir da construção de sociedade que ocuparam espaços constituídos de até mil pessoas. Verdadeiras cidades, ressalta a pesquisadora.

Ela mostra artefatos encontrados no sítio arqueológica Dona Estella, entre os municípios de Iranduba/Manacapuru, referentes ao `Período da Pedra Lascada´ ou pré-história Cabralina na Amazônia, datados entre 7 a 6 mil anos AC. São pedras pequenas e grandes, lapidadas com função para cortar, perfurar e raspar . O amazonense deve ter orgulho do seu passado, pois existiram pessoas que já moravam na Amazônia antes mesmo das sociedades indígenas atuais em que desenvolviam tecnologias para atividades do dia a dia, como construção de moradia, cestaria, armas para caça e pesca, comenta a arqueóloga.

A urna fúnebre é outra peça da exposição que chama atenção do visitante que é atraído pela forma antropomórfica, ou seja, uma representação humana para deposito de restos mortais, como cinzas ou ossos do morto. Ela informa que as urnas funerárias existentes na Amazônia, servem como elemento para o segundo ritual fúnebre de morto.

Paralelo a exposição das peças milenares, o visitante vai encontrar a exposição de fotos que mostra todo o processo de pesquisa campo até a de laboratório  desenvolvida pela equipe de  pesquisadores da Divisão de Arqueologia, tendo a frente o arqueólogo Luciano Souza. A busca de vestígios nos sítios arqueológicos, a escavação do terreno, a logística de transporte e analise de materiais em laboratório compreende as atividades do arqueólogo que contribui para compreensão de uma realidade histórica.

O trabalho minucioso do arqueólogo se restringe a dois tipos de registros. O primeiro está voltado à pesquisa de material descartado pelo homem e o segundo deixado de forma proposital e, a partir daí, entender o que eles podem nos dizer, relata a arqueóloga, frisa a pesquisadora.

A diretora do Museu Amazônico, professora Maria Helena Ortolan, disse que a renovação da exposição `Encontrando a Amazônia Antiga` faz parte de um projeto de compreender o passado amazônico voltando para entender a contemporaneidade. Os arqueólogos podem pesquisar o passado, mas eles nos dão mais luz ao presente. Existiram povos que desenvolveram suas práticas e tecnologias que fazem da parte da historia dessa região e que deram margem para que pudéssemos ter a floresta preservada e todos às tecnologias, inclusive a social, finaliza a diretora.

 

(UFAM)

http://www.ufam.edu.br/index.php/2013-04-29-19-37-05/noticia/2989-museu-amazonico-expoe-pecas-arqueologicas-em-exposicao-permanente