Uma das atividades imprescindíveis à sobrevivência do ser humano é a mineração. Até hoje este segmento econômico na Amazônia é constantemente bombardeado e ganha publicidade daqueles que insistem a dizer não para a prática de extração mineral, motivados por informações sem justificativas e muitas das vezes dosadas por pessoas e organismos não governamentais internacionais que não desejam que sejamos competidores na produção e comercialização neste mercado mineral globalizado.
Países como Canadá, Austrália, EUA, África do Sul, etc., têm como politicas de governo, inclusive com medidas protecionais constitucionais, elencarem a atividade de mineração como prioridade em seus programas, pois sabem muito bem da importância soberana, sócio econômica e principalmente ambiental deste segmento, tendo em vista que como resultado da prática da extração mineral racional são gerados vultosos recursos financeiros capazes de serem supereficientes no estabelecimento de medidas de proteção dos recursos ambientais e da própria natureza, muito mais grandioso do que a manutenção de atividades como agricultura, pecuária, extração de madeira, etc.
O condicionamento geológico do Estado do Amazonas permite estabelecer diversas matrizes de substâncias minerais, incluindo minerais de ferro, manganês, ouro, nióbio, tântalo, titânio, estanho, etc., além de derivar para a segunda maior bacia evaporítica química mundial de sais minerais onde se destaca a Silvinita(sais de potássio e de sódio), numa dimensão que inicia em Novo Airão, pelo Rio Negro, passando por Caapiranga no Solimões, declinando a novo Aripuanã no Rio Madeira e remontando toda a bacia dos afluentes do baixo Amazonas até atingir os limites fronteiriços com o Estado do Pará.
Procuramos isolar e destacar talvez aquilo de importância singular em termo de ocorrências minerais que estão presentes no substrato rochoso do Amazonas que são os ditos minerais Terras Raras. Estes compostos minerais são formados a partir dos elementos conhecidos como Lantanídeos, incluindo o ítrio e o escândio que são: Lantânio, Cério, Praseodímio, Neodímio, Promécio, Samário, Európio, Gadolínio, Térbio, Disprósio, Hólmio, Érbio, Túlio, Itérbio e Lutécio.
Podem ter nomes difíceis, inclusive de serem pronunciados, mas respondem em serem elementos que compõem substancias minerais extremamente caros, e somente para ter uma base o quilo do Gadolínio custa U$ 134 e o Neodímiocusta mais de U$ 150.
Os minerais ditos Terras Raras estão na linha de tecnologia de ponta, constituindo a mais moderna do segmento eletroeletrônico, siderúrgico e químico. E normalmente estes minerais estão intimamente associados a óxidos de tântalo, nióbio e titânio.
O Estado do Amazonas possui diversas ocorrências destas substâncias minerais e que certamente o mundo todo tem a maior cobiça por este tesouro que nós detemos em nosso subsolo.Os minerais Terras Raras são bons condutores de eletricidade (até em ambientes com temperaturas acima de 400? C), de calor, além de serem altamente magnetizáveis; são chamados de ultra magnéticos.
Os óxidos de Terras Raras são os high tech dos minerais consumidos pelo mundo atual já que são usadas em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção da gasolina, mísseis, telefones celulares, veículos elétricos, usinas eólicas e em painéis solares.
Mas, as aplicações não param por ai e são diversas, a saber: Aços especiais, “pedras de isqueiro” e varias ligas, refino de Petroleo tubos de raios catódico, telas de raios X, lampadas fluorescentes e laser, lâmpadas LEDs, telas de TV Plasma, Tela LED, Tablets, etc.
O Terra Rara neodímio está presente nos superimãs. Estes, por sua vez, são cada vez mais usados em motores que precisam ter dimensões pequenas, como os que regulam bancos e espelhos em automóveis mais luxuosos. O gerador de energia eólica (para a construção de uma turbina eólica são necessários 2 toneladas de neodímio) pode ser feito com os superimãs.
Nos LEDs brancos, que estão substituindo lâmpadas fluorescentes porque consomem menos energia, também se usa óxidos de Terras Raras. Se o mercado de LEDs for crescer como indicam as projeções, será necessário muito consumo de minerais Terras Raras.
A China é responsável por 95% da produção e dona de 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de Terras Raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais. O consumo mundial atual é da ordem de 150 mil toneladas e devido o alto consumo interno chinês e a manutenção dos elevados preços, o governo de Pequim mantém para este ano a cota total de 30 mil toneladas exportações para todos os países consumidores de Terras Raras.
O fato acima promoveu uma inquietação muito grande fazendo que os EUA, o Japão e a União Européia entrarem com uma ação conjunta na Organização Mundial do Comércio – OMC para denunciar estas restrições de fornecimento de Terras Raras que podiam colocar riscos nas suas indústrias, para manter estáveis suas linhas de produção de TVs Leds, Tablets, Lampadas Leds e outros equipamentos eletrônicos por conta da limitação na oferta de minerais Terras Raras.
A partir de 2005, a China praticamente vem comandando o mercado internacional, tendo em vista que a disponibilidade dos elementos presentes nos Terras Raras tornou-se crítica e somente agora vários países, inclusive o Brasil, estão investindo em pesquisa e produção dos elementos presentes nos terras raras.
Eles são os minerais do futuro, formando as bases da economia verde e da internet móvel.
O grande desafio para exploração de Terras Raras está relacionado ao domínio pleno de todas as etapas e rotas tecnológicas para a cadeia produtiva desde as pesquisas geológicas exploratórias até a produção de óxidos de terras-raras e confecção de materiais acabados.
Atualmente, em muitos casos, com exceção do minério principal, objetos da Concessão de Lavra, diversas substâncias associadas, incluindo os minerais Terras Raras, acabam em pilhas de rejeitos e passivos, seja pela falta de tecnologia, interesse exploratório ou mercadológico.
Os minerais Terras Raras em geral ocorrem em complexas associações com outros minerais, bem como associações com minerais radioativos (tório e urânio), onde o reaproveitamento não é simples.
Os minerais estratégicos e terras-raras são os minerais do futuro(high tech), porém é necessário investimentos em tecnologias.
Os minerais Terras Raras normalmente estão associados com a tantalita (Fe, Mn)Ta2O6 e a columbita (Fe, Mn) Nb2O6,tendo em vista que estes minerais não ocorrem em estado livre na natureza, mas formando uma série isomorfa de sais ferrosos, além disso é comum encontraremjuntos com várias terras raras – monazita e itriotantalita.
A tantalita tem ponto de fusão de 2.996 ºC e densidade 16,69, sendo resistente ao ataque químico, não sendo atacado por ácidos e nem por soluções alcalinas; além disso, é anticorrosiva, excelente condutor de eletricidade; tem superfície extremamente dura, sendo utilizado em larga escala para a fabricação de bateria de telefone celular.
O nióbio tem ponto de fusão de 2.415 ºC e densidade 8,57; é resistente ao ataque químico, sendo atacado apenas por HCl e HN03 e hidróxidos em fusão; é anticorrosivo(metais inoxidáveis); excelente condutor de eletricidade;os melhores ácidos inoxidáveis são fabricados a partir do nióbio, estando presente em ligas,sendo comumente utilizado para fabricação de equipamentos bélicos que suportam altas temperaturas e reações nucleares.
O grande problema deriva de que o Estado do Amazonas detém grandes depósitos de tantalita e columbita, destacando as bacias(Aracá e Demeni) que circundam a Serra do Aracá(Barcelos), Mina do Pitinga (Presidente Figueiredo), Sul do Estado do Amazonas(Manicoré/STº Antônio do Matupi), e principalmente em várias bacias de cursos d’água no alto rio Negro(São Gabriel da Cachoeira), que chegam a possuir ocorrências com mais de 32% de óxido de tântalo.
Estando apenas a Mina do Pitinga com a legalização junto ao DNPM/AM da origem da tantalita e do nióbio, diversos compradores clandestinos adquirem a tantalita(mais apetitosa no mercado) e levam sem pagar nada pelo nióbio e Terras Raras, e talvez até minerais radioativos(como por exemplo o tório).
O Brasil é responsável por apenas 0,28% da extração dos minerais Terras Raras que ocorrem em Araxá(MG) e Poço de Caldas a Catalão(GO).
O Governo Brasileiro já acordou para o momento que vive o mercado de Terras Raras e vem impulsionando a pesquisa, o desenvolvimento e o detalhamento do potencial mineral de Terras Raras.
Em média, os preços das Terras Raras no mercado internacional praticamente triplicaram nos últimos anos. Só para se ter uma idéia, o óxido de neodímio, que em janeiro de 2009 custava US$ 15 o quilograma, em janeiro de 2011 atingiu o valor de US$ 150 o quilograma. A partir de 2011, os preços dos elementos que compõem os Terras Raras tiveram queda de preço, mas continuam elevados em relação a diversos metais.
No Estado do Amazonas, junto aos óxidos de nióbio, tântato, estanho,etc é que estão as nossas maiores esperanças no Brasil deter grandes volumes destes elementos de minerais Terras Raras: Destacam-se ás áreas da Mina do Pitinga/Presidente Figueiredo ( Y – Ítrio, Ho – Hólmio, Er – Érbio, La- Lantânio e Yb – Itérbio);Morro dos Seis Lagos/São Gabriel da Cachoeira (Ce – Cério, La – Lantânio e Y – Ítrio); Serra do Aracá (Y – Ítrio) – Barcelos. Somente no Morro de Seis Lagos(AM), acredita-se que exista mais de 40 milhões de toneladas de óxido de Terras Raras.
Um mercado hoje inteiramente dominado pela China, responsável por 95% da produção e dona de 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de Terras Raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais.
O Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de Terras Raras do planeta, hoje, praticamente não separa esses recursos minerais dos minerais associados.
No que tange aos minerais de tântalo, nióbio e Terras Raras, deveria ser adotada uma legislação mineral específica para Ta, Nb e Terras Raras e, obrigatoriamente a extração deveria pasar pelo conhecimento da Defesa Nacional por constituirem minerais estratégicos para qualquer nação.
Além disso, como forma de proteger o aproveitamento sustentável destes recursos minerais, o Governo Brasileiro deveria aplicar o príncípio da SOBERANIA E INTERESSE NACIONAL, criando nas áreas de ocorrências destas substâncias e/ou com potencial para minerais de tântalo, nióbio e terras raras ÁREAS OU RESERVAS DE INTERESSE MINERAL, independentemente se forem Unidades de Conservação ou Terras Indígenas.
Dada a magnitude das ocorrências de tantalita, nióbio e Terras Raras no Estado, o Governo do Amazonas, diante do clamor de economistas e estudiosos de que o Polo Industrial do Manaus – PIM deveria criar novas matrizes tecnológicas, vale a pena planejar a formatação de indústrias engajadas na geração de produtos e subprodutos destes minerais de grande aceitação e de geração de volumosos recursos financeiros no mercado internacional, ou pelo menos iniciando com o refino de tântalo, nióbio e terras raras com a adoção de um CENTRO TECNOLÓGICO MINERAL.
AUTOR: Geólogo Fred Cruz – DNPM/AM
http://www.defesanet.com.br/tecnologia/noticia/17223/Minerais—Terras-Raras/
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