Indígenas xavante de Marãiwatsédé divulgaram nesta quarta-feira (3) uma carta de repúdio à criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena (INSI). A posição de mais de 15 organizações indígenas e indigenistas é reafirmada no documento, assinado por 123 indígenas xavante: “Não queremos que a saúde indígena se torne terceirizada. Nós queremos reafirmar que os nossos parentes já disseram, a saúde indígena não pode sair da responsabilidade do Governo Federal”.

O documento será protocolado na 6ª Câmara de Coordenação e Revisão, do Ministério Público Federal; na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai); na Fundação Nacional do Índio (Funai); na Secretaria Geral da Presidência da República e no gabinete de seu secretário de Articulação Social, Paulo Maldos; na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); na Operação Amazônia Nativa (OPAN) e na Comissão Pastoral da Terra (CPT). Leia a carta na íntegra:

Nós, xavante de Marãiwatsédé queremos nos manifestar apoiando com veemente a posição da APIB, COIAB, ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS da Região Sul.

Queremos que as Entidades competentes nos apoiem da nossa carta, que aqui pretendemos enumerar: CNBB, CIMI, OPAN, CPT, MPF, PGR.

Queremos em nome dos xavante de Mato Grosso que certamente devem estar conosco por meio da Carta não aceitando o novo nome da saúde indígena INSI (Instituto Nacional de Saúde Indígena). Se é ainda como proposta que não seja decidido sem consentimento por nós indígenas de todo Brasil. Além do novo nome, não precisamos de mais um nome para saúde indígena. O que queremos é que Ministério da Saúde libere os recursos para que nós indígenas tenhamos uma saúde de qualidade. Precisamos de vagas nos hospitais. Não queremos ficar na fila do SUS esperando por um agendamento. Pedimos que o Ministério da Saúde fortaleça a SESAI como disseram nossos parentes nas suas cartas. Não queremos que a saúde indígena se torne terceirizada. Nós queremos reafirmar que os nossos parentes já disseram, a saúde indígena não pode sair da responsabilidade do Governo Federal.

Se é para melhorar a saúde indígena o Ministério da Saúde tem que ter parceria com o Ministério da Agricultura e Meio Ambiente para que assim os indígenas conte na agricultura familiar e com Meio Ambiente.

Nós queremos nos manifestar que até foi bom abrir espaço para os indígenas participarem nas suas aldeias e opiniões com livres espontâneos a respeito desse novo nome INSI. É a primeira vez que se pensou para que os indígenas participassem e analisassem o novo nome INSI nas comunidades de bases. É assim que se decidem sobre as questões indígenas abertamente, e não dentro de gabinete.

Sabemos que estamos no novo tempo e tempo de colonialismo já se foi, portanto temos Convenção 169 da OIT que nos assegura essa maior respeito para com os povos indígenas. Sabemos que os assessores passarão nas bases só para convencer os indígenas a aceitarem a Criação do novo nome INSI.

Pedimos que os indígenas da cidade procurem não se preocupar com o novo nome da Saúde Indígena, pedimos que apóiem todos nas nossas idéias o Repúdio para o INSI. Vamos que ter muito cuidado com pessoas que dizem amigos dos índios. Que na verdade é só com a boca por fora. Pedimos que os nossos direito e dever de falar, sejam respeitados.

Antes de decidir têm que ter consultas, as bases tem que saber o que está se discutindo e debatendo.

Fonte: Cimi

http://amazonia.org.br/2014/09/xavante-de-maraiwatsede-se-posicionam-contra-criacao-do-instituto-nacional-de-saude-indigena/ (disponível em: setembro 2014)