A morte de oito crianças indígenas por diarreia e vômito, no Acre, motivou lideranças da etnia Huni Kui (Kaxinawá) da Terra Indígena Alto Purus, no município de Santa Rosa do Purus, denunciarem ao Ministério Público Federal (MPF) a falta de assistência por parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).
Das oito crianças que morreram em agosto, somente na Terra indígena do Alto Purus, seis são da etnia Huni Kui e duas da etnia Madjá (Katuquina). Das seis crianças Huni Kui, quatro morreram nas aldeias, uma no hospital de Santa Rosa e outra em hospital de Rio Branco. Duas crianças, uma Madjá e outra Huni Kui, morreram em Manoel Urbano.
Na denúncia à Procuradoria da República no Acre, os indígenas relatam que foram informados pelas autoridades de saúde que as mortes das crianças foram em decorrência de um surto de “rota vírus”. Duas crianças permanecem internadas no Hospital da Família de Santa Rosa.
Os indígenas dizem que a situação do atendimento de saúde é caótica que não têm mais tempo para “diálogos sem resultados”.
O indigenista Lindomar Padilha, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), disse que todos os anos ocorrem mortes de crianças por diarreia e vômito, mas não são adotadas providências capazes de prevenir tais mortes.
– As autoridades dos órgãos responsáveis preferem o caminho fácil de dizer que essa é uma realidade “normal”, pois ocorre todos os anos, em quantidade maior ou menor, ou, ainda, dizem que não dispõem de recursos para atuarem na prevenção – criticou Padilha.
O Cimi denunciou, em 2012, a morte de 27 crianças, também tendo como causa diarreia, na mesma terra indígena. A entidade produziu um relatório sobre a situação de abandono e a Sesai e a Sesacre apresentaram um plano emergencial que consistia basicamente na remoção de pacientes graves e na distribuição de 145 filtros de água.
– As promessas se renovam a cada ano, mas é dramaticamente desconfortável constatarmos na página do Ministério do Planejamento a disponibibilidade de verbas para saneamento básico em aldeias indígenas para prevenção e controle de agravos. Para ser executado em 2014, o montante é de R$ 48 milhões. Mas a Sesai só utilizou R$ 2 milhões do montante – acrescentou o indigenista do Cimi.
FONTE : Blog da Amazônia – Por Altino Machado – ALTINO MACHADO
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