Francisco Dete da Silva Katuquina, de 43 anos, líder indígena da Aldeia Samaúma, do Povo Katuquina, denunciou a prática de caça ilegal dentro das reservas indígenas, situadas ao longo da BR-364, em Cruzeiro do Sul (AC). De acordo com ele, pessoas de fora das aldeias estão invadindo as áreas e matando animais no local, usando ainda armadilhas e caçada com cachorros.
“Constantemente os homens brancos vêm adentrando nossas matas e caçando aqui, está aparecendo muita gente de fora, eles entram dentro da nossa reserva e matam nossos animais. Na semana passada, mataram anta e queixada na nossa terra”, contou o líder.
São seis aldeias do Povo Indígena Katuquina, localizadas na BR-364, onde residem mais de 780 índios, que dependem da caça e da pesca para sobreviver. Os índios contaram que já pensam em outras formas de sobreviver devido a preocupação com a redução dos animais na reserva.
“A nossa área é pequena, e com essa invasão nós estamos preocupados com o que vamos manter nossas famílias daqui a uns cinco anos.Teremos agora que construir açudes para manter nossa família e nossos filhos”, alertou o líder indígena.
De acordo com o indigenistas da Funai, Ariel Carvalho, algumas fiscalizações estão sendo realizadas na localidade pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Polícia Federal (PF).
“A Funai está fazendo fiscalização junto com o Ibama e a Polícia Federal, o Ibama hoje não tem representação sediada em Cruzeiro do Sul, eventualmente, quando possível , segundo a disponibilidade deles, a gente consegue fazer uma ação que envolva o Ibama também. Com a Polícia Federal que já atua aqui nós conseguimos fazer um trabalho com eles com mais frequência”, explicou o indigenista.
O gerente do Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), em Cruzeiro do Sul, Isaac Ibernon, explicou que mesmo o órgão não tendo responsabilidade em atuar na área de reserva indígena, as áreas do entorno estão sendo fiscalizadas por eles em busca de evitar as transgressões.
“Nós temos um problema sério na nossa região, por conta de muitos projetos de assentamento em proximidade com as áreas de terras indígenas. A legislação proíbe a caçada com cachorros, e quem mora na comunidade pode caçar, mas não com cachorro. A legislação diz se a pessoa for pega em flagrante é encaminhada direto para polícia, sendo feito um boletim de ocorrência. Os equipamentos e os animais são apreendidos. As armadilhas também são proibidas, e a implicação é o auto nosso e a legislação criminal”, disse.
Ibernon enfatizou que os moradores devem ajudar os órgão ambientais a identificar os possíveis infratores, devido a dificuldade em realizar o flagrante.
Por: Vanísia Nery
Fonte: G1
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