Moradores da Vila Roxinho, a 30 km da sede do Município de Mucajaí, procuraram à Folha ontem para pedir que alguma providência seja tomada em relação a um grupo de indígenas, da etnia Yanomami, que estão alojados no local cometendo pequenos furtos e incomodando a população. Segundo Jucilene Gonçalves, moradora da vila há mais de três anos, a maioria dos índios é crianças doentes e passando fome, enquanto os pais alcoolizados furtam nas casas e usam as crianças para pedir dinheiro dos moradores. Ela contou que cerca de 20 índios estão há mais de um mês acampados em uma casa abandonada, onde dormem e comem no chão. “Já os expulsamos, mas eles voltaram. Agora estão em um barraco caindo aos pedaços, cheio de ratos, cobras e baratas”, disse.
Agilberto Cabral, também morador da vila, contou que dá pena de olhar para as crianças. “São bebês de colo sem roupa, sujos, todos doentes e jogados pelo chão. Os maiores são obrigados pelos pais a pedir comida nas casas, incomodando quem mora lá”, disse.
Cabral destacou ainda que, quando algumas pessoas os ajudam, dando dinheiro, os pais pegam para comprar bebida alcoólica. Quando as pessoas dão comida, eles jogam o alimento cru para as crianças comerem. “Parecem cachorros”, disse. “O pior é que os adultos bebem muito e fazem algazarra o dia inteiro nas ruas, dormem pela rua. Se alguém der um vacilo, eles invadem as casas e os comércios”.
Segundo os moradores, os índios já foram expulsos da Vila Campos Novos, no vizinho Município de Iracema, e agora migraram para Vila do Roxinho. “Nós não podemos fazer muita coisa. Nossa vila só tem 150 casas e eles estão perturbando. Queríamos chamar a atenção dos órgãos responsáveis para que tomem alguma providencia a respeito desses índios que estão abandonados lá. Eles passam fome e roubam nossas casas porque não têm como se sustarem. Nós entendemos isso, mas não temos como ajudá-los”, exclamou Cabral.
FUNAI – Quando contatada para falar a respeitos dos índios desalojados na Vila do Roxinho, em Mucajaí, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que competência não é só dela. “Uma vez que os índios saem das terras indígenas, existe toda uma responsabilidade social. A Funai não é mais um órgão assistencialista. Os índios que estão na comunidade foram em busca de saúde, comida e moradia. O que nos cabe como responsabilidade é tentar ajudá-los como interlocutor junto às autoridades competentes”, disse o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Yekuana, João Catalano.
FONTE : Jornal Folha de Boa Vista (DISPONÍVEL EM: JULHO 2014)
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