Os integrantes do grupo de índios isolados que estabeleceram contato no último dia 26 de junho já retornaram às suas malocas, depois de receberem atendimento médico. O contato foi estabelecido com os servidores da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Envira da Fundação Nacional do Índio e indígenas do Povo Ashaninka, na Aldeia Simpatia, da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, estado do Acre.

O grupo de índios isolados contraiu gripe e se deslocou junto com a equipe para a Base de Proteção Etnoambiental Xinane, onde foi possível realizar o atendimento médico. Após a conclusão do tratamento, os indígenas retornaram para suas malocas, onde estão os demais integrantes de seu povo. De acordo com informações dos intérpretes que integram a equipe da Funai, os índios pertencem a um subgrupo do tronco linguístico Pano. O contato e a permanência do grupo de isolados na região ocorreu de forma pacífica.

A equipe da FPE Envira e o sertanista José Carlos Meirelles, da Assessoria Indígena do Governo do Estado do Acre, vinham acompanhando a aproximação dos índios isolados desde o dia 13 de junho.

Entre as medidas necessárias a serem tomadas pela FUNAI a partir desse momento está a reativação permanente da Base Xinane da FPE Envira. Os trabalhos consistirão em ações de monitoramento dos povos indígenas isolados buscando identificar possíveis ameaças às suas vidas e territórios. Nos diálogos com o grupo indígena por meio dos intérpretes, eles relataram que sofreram atos de violência praticados por não índios nas cabeceiras do rio Envira, que se localiza em território Peruano. Por tratar-se da região de fronteira Brasil-Peru e diante destes relatos, estão sendo tomadas medidas que buscam averiguar os fatos relatados e implementar um plano de ação no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica firmada entre a Funai e o governo peruano em março deste ano, com vistas à proteção dos povos indígenas isolados transfronteiriços e ao monitoramento territorial na região.

Plano de Contingência para Situações de Contato

O Plano de Contingência para Situações de Contato que se encontrava em estado de alerta, passou para a fase de intervenção, sendo executado pela equipe composta por servidores da Funai, mateiros, intérpretes, funcionários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e um médico da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Coordenado pela Funai, em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, este Plano prevê ações que consigam, no primeiro momento, realizar o atendimento à saúde desse grupo de forma imediata, eficaz e preventiva, diminuindo o impacto do contato. Desta maneira, os índios que contraíram a gripe já foram imunizados.

Além disso, o Plano visa estabelecer uma relação de confiança entre os servidores, os povos vizinhos e os isolados, de acordo com termos de conduta que norteiam e organizam as equipes que estão em campo, de forma a estabelecer um contato que não seja traumático.

Frente de Proteção Etnoambiental Envira

A Frente de Proteção Etnoambiental Envira monitora 4 grupos de povos indígenas isolados confirmados na região. A Politica de Proteção aos Índios Isolados da Funai tem a premissa do não contato, respeitando a autodeterminação dos povos e realizando o trabalho de proteção do território ocupado por eles. As ações de intervenção – como o Plano de Contingência – são previstas apenas quando o grupo indígena isolado procura establecer o contato ou quando algum fator coloque o grupo em risco.

FONTE  – FUNAI