No início de julho de 2014, um grupo de guerreiros Xavante da Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé flagrou dois motoqueiros parados em uma estrada dentro da Terra Indígena, próximo a focos de incêndio. Este não é o único caso de incêndio criminoso dentro da TI Marãiwatsédé feito por não-indígenas. Os indígenas denunciam incêndios criminosos ao longo da BR-158 que corta a Terra Indígena de norte a sul e também na BR-242 que margeia a fronteira norte da Terra Indígena de leste a oeste. Além de áreas de antigas fazendas dentro do território indígena.
As denúncias vão de encontro com os mapas do projeto “De olho no Xingu”, monitoramento mensal de focos de queimadas nos municípios da bacia do Xingu feito pelo Instituto Socioambiental (ISA) a partir de dados do INPE. De acordo com o monitoramento, no mês de junho de 2014, os principais focos de queimadas dentro da TI Marãiwtasédé ocorreram justamente próximo às rodovias na porção norte da Terra Indígena.
O povo Xavante faz uso tradicional do fogo para caça e roça, porém este uso é controlado. Nota-se a diferença entre o número de focos de queimada próximo à aldeia xavante (somente um ponto na porção sudoeste da Terra Indígena) com os focos de queimada na porção norte da Terra Indígena. Segundo o boletim, foram cerca de 60 focos de queimadas dentro da TI Marãiwatsédé no mês de junho de 2014.
Outro dado revelado é o aumento expressivo do número de queimadas em junho de 2014 em relação à junho de 2013. Em São Felix do Araguaia, foram registrados 60 focos de incêndios em junho deste ano contra 7 no mesmo mês no ano passado, enquanto em Alto Boa Vista, houve 80 focos, contra 28 no mesmo período em 2013. Os dados são preocupantes pois estamos ainda no início da época de seca na região, que se estende até meados de outubro. O período de proibição de queimadas em Mato Grosso iniciou em 15 de julho e vai até 15 de setembro de 2014.
O grupo de guerreiros Xavante que vivem na Aldeia Marãiwatsédé tem realizado vigilâncias periódicas dentro da TI Marãiwatsédé, de 165.241 hectares, localizada nos municípios de Bom Jesus do Araguaia, Alto Boa Vista e São Felix do Araguaia, no nordeste mato-grossense. A vigilância visa observar vestígios de invasão ou ações ilícitas por não-indígena dentro da Terra Indígena. Isso porque o seu território tradicional permaneceu invadido por décadas e a TI Marãiwatsédé, embora homologada por decreto presidencial em 1998, só teve a desintrusão total de não-indígenas no final de 2012 e início de 2013. Desde então, os indígenas juntamente com as forças de segurança do Estado Nacional tem lutado pela proteção da Terra Indígena e da comunidade Xavante.
Todo ano, as queimadas criminosas e descontroladas são a maior ameaça ambiental à Terra Indígena Marãiwatsédé. Os incêndios não permitem a regeneração da vegetação, que foi desmatada e degradada pela invasão por fazendas ao longo das últimas décadas. Além disso, as queimadas prejudicam a qualidade e umidade do ar, aumentando a incidência de doenças respiratórias dentro da aldeia.
Na quarta-feira, 16, mais um incêndio foi registrado na Reserva Indígena Areões, dos índios Xavantes, na altura da Fazenda Tropical, no município de Água Boa. O fogo tomou grandes proporções e consumiu grande quantidade da vegetação as margens da rodovia, adentrando a reserva. Todos os anos o fogo consome a maioria da reserva indígena, e muitos culpam a população indígena pelo fogo.
Fonte: Articulação Xingu Araguaia
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NOTA : A Ecoamazônia está divulgando a questão dos incêndios na Região da Gleba Suiá Missú com base nas reportagens de sites disponíveis na INTERNET, sem emitir juízo de valor, só demonstrando preocupação com os danos ambientais.
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