Hoje assentados nos municípios de Alto Boa Vista e Confresa, os antigos ‘donos’ das terras, que vêm passando por várias dificuldades, prometem agir caso a questão seja confirmada, pois o processo de retomada da área ainda corre na Justiça. 

O trabalho de uma ONG formada por produtores rurais, junto aos índios Xavantes das terras que formavam a Gleba Suiá Missú, de onde foram expulsas cerca de sete mil pessoas no natal de 2012, tem causado polêmica na região do Vale do Arinos e revolta posseiros que foram retirados da área de 152 mil hectares.

Atualmente, os índios Xavantes já criam cerca de 400 cabeças de gado com a ajuda da ONG Aliança da Terra. Na imprensa da região, a notícia que circula é de que um norte-americano estaria tentando transformar a área na maior fazenda de pecuária do Brasil. Hoje assentados nos municípios de Alto Boa Vista e Confresa, os antigos ‘donos’ das terras, que vêm passando por várias dificuldades, prometem agir caso a questão seja confirmada, pois o processo de retomada da área ainda corre na Justiça. 

Em entrevista ao RepórterMT, a vice-prefeita de Alto Boa Vista, Irene Ferreira dos Santos (PSD), que era uma das proprietárias da Gleba Suiá Missuí afirma que os comentários são de que muita madeira já teria sido levada para a área indígena, para fazer as cercas. Ela frisou que estava em viagem e ainda não conseguiu confirmar até que ponto a situação é real, mas promete não se calar caso o fato esteja se consumando. “Não vou aceitar fazer cerca na minha terra”, afirmou.  

O americano em questão é o texano John Carter, fundador e presidente da Organização Não Governamental Aliança da Terra, uma ONG criada em 2004 por produtores rurais. Carter possui uma propriedade rural, vizinha da área que hoje é demarcada como reserva Marãiwatsede. O relacionamento dele com os Xavantes vem desde meados de 1990, quando adquiriu terras na região. 

A imprensa local ressalta que o americano alega que junto à ONG estaria ajudando os índios a se tornaram os maiores produtores do mundo. Essa ação teria sido acordada por ele junto ao cacique identificado apenas como Damião, porém nos bastidores os comentários são de o projeto seria apenas fachada, pois  Carter estaria negociando uma espécie de posse das terras.  

O OUTRO LADO

No site da ONG Aliança da Terra o trabalho com os indígenas é destacado em uma carta aberta como uma ‘herança’ de Carter, que desde meados de 1990  vem tentando ‘remediar a situação de degeneração social e descaso enfrentado pela comunidade’. 

De acordo com o site da organização, a ajuda aos indígenas incluiria assistência técnica, investimentos e capacitação de manejo para a criação de um rebanho bovino de 400 cabeças repassadas aos índios, assim como a construção de infraestruturas no local para facilitar a gestão de seus ativos. 

Entre os projetos já  desenvolvidos junto aos índios a ONG destaca ações de capacitação para prevenção e combate ao fogo.  

CONFLITO SUIÁ MISSÚ

A área de Suiá-Missu está em litígio desde 1993, quando foi demarcada como reserva Marãiwatsede. A Fundação Nacional do Índio (Funai), argumenta que em 1967, durante o governo militar, os índios foram retirados da área.   

Antes da desocupação feita pela Força Nacional e Polícia Federal o governo do Estado propôs uma permuta entre a área atual, de 152 mil hectares, que já era totalmente ocupada pelo homem não-índio, por outra área, também localizada na região Araguaia, com 225 mil hectares, rica em recursos naturais e situada entre o rios das Mortes e Araguaia, mas o Supremo Tribunal Federal não acatou a proposta.

 FONTE  :   http://www.quatromarcosnoticias.com.br/noticias/estadual/revolta-de-ex-posseiros-no-suia-missu-americano-e-indios-devem-transformar-gleba-em-maior-fazenda-de-gado-do-pais