Nos dias 15 e 16 de abril, o Museu Paraense Emílio Goeldi participa da Oficina para Gestão Integrada de Áreas Protegidas da Calha Norte, em Unidades Estaduais de Conservação da Natureza, Terras Indígenas e Territórios Quilombolas. O evento é promovido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (SEMA-PA) e representa o primeiro passo para viabilizar a execução de políticas de conservação integradas no maior corredor de biodiversidade do mundo, que engloba áreas protegidas no Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.

Na ocasião, entidades governamentais e não governamentais, lideranças indígenas e quilombolas se reúnem para realizar um levantamento participativo dos potenciais e problemáticas da gestão integrada e encaminhar a constituição da rede para a execução de projetos nas Terras Indígenas e Territórios Quilombolas.

O Dr. Alexandre Aleixo (MPEG) fará a palestra “Mosaico de Áreas Protegidas e Corredores da Biodiversidade” no dia 15, contextualizando a importância biológica da Calha Norte. Em 2008 e 2009, o pesquisador coordenou levantamentos inéditos de grupos biológicos da região, realizados pelo Museu Goeldi em parceria com a Conservação Internacional e a SEMA-PA, buscando a elaboração de um diagnóstico preliminar dos ecossistemas e o subsídio ao desenvolvimento de planos de manejo para as diferentes Unidades de Conservação.

Após sete expedições, foram encontradas 143 espécies de peixes, 62 de anfíbios, 68 de répteis, 61 de mamíferos, 355 de aves, 653 árvores com flores e 125 samambaias e avencas. Das espécies de aves, 70 só ocorrem na Calha Norte e um terço dos mamíferos estão ameaçados de extinção, como a onça pintada, ariranha e tatu-canastra.

A primeira espécie descrita na Calha Norte paraense foi o peixe Stelicmus ix, encontrado no fundo do Rio Amazonas. Assista à reportagem feita pelo Museu Goeldi clicando aqui.

Gestão integrada da biodiversidade – Esta abordagem representa uma mudança de paradigma na conservação, que considera a importância de áreas extensas para a manutenção de processos ecológicos ao invés da conservação de fragmentos isolados, que são mais suscetíveis às pressões do entorno. No Brasil, estão em implantação três instrumentos de gestão integrada da biodiversidade: corredores, mosaicos e reservas da biosfera.

No Pará, tem sido feito o esforço de reconhecer terras indígenas e territórios quilombolas para fins da efetividade das ferramentas de gestão integrada e consolidação de mosaico e corredores de biodiversidade no estado. Os corredores são uma estratégia para a manutenção dos processos ecológicos nas áreas entre as Unidades de Conservação; já o mosaico é a gestão integrada e participativa de um conjunto de UCs  que estejam próximas, sobrepostas ou justapostas. A pesquisadora Ana Albernaz, Coordenadora de Ciências da Terra e Ecologia – CCTE, será a representante do Museu Goeldi no Comitê Gestor.

Calha Norte – Está localizada na região do Baixo Amazonas e abriga nove municípios paraenses (Alenquer, Almeirim, Curuá, Faro, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha e Terra Santa). Ocupa 23% do território do Pará, uma área correspondente aos estados de São Paulo e Alagoas juntos. É o maior conjunto de áreas protegidas de florestas tropicais do planeta, com aproximadamente 22 milhões de hectares. 

Serviço:

Oficina para Gestão Integrada de Áreas Protegidas da Calha Norte: Unidades Estaduais de Conservação da Natureza, Terras Indígenas e Territórios Quilombolas, dias 15 e 16 de abril de 2014, de 9h às 17h, no Auditório da Diretoria de Áreas Protegidas – DIAP/SEMA, no Parque do Utinga.

 FONTE:  Agência Museu Goeldi