Com a curadoria da professora Anna Claudia Agazzi, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Sesc São Paulo, unidade Itaquera, recebe, até o dia 10 de maio, a exposição Amazônia Mundi.    A ideia da mostra é divulgar as realidades da região amazônica e promover uma experiência sensorial de viajar pelo território que concentra a maior biodiversidade do planeta. Esculturas gigantes de animais, instalações artísticas e uma oca construída por índios Wayana são algumas das atrações.

“A mostra é resultado de pesquisa desenvolvida nos últimos anos e tem caráter transdisciplinar. Seu processo criativo é objeto de minha pesquisa de doutorado”, disse Agazzi, que é docente do Instituto de Artes da Unesp.

A exposição ocupa mais de 1.200m², divididos em área externa e interna, e oferece a oportunidade dos visitantes ouvirem os sons escondidos na “floresta”, além das constelações do céu, vistas por diferentes culturas indígenas.

A visitação pode ser feita de quinta à domingo, das 9h30 às 16h30, no Sesc Itaquera, situado na Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Mattos, 1000, em São Paulo.

Exposição “Amazônia Mundi” gera experiências sensoriais e táteis

Imagine embrenhar-se em uma aventura pela Amazônia, seus encantos e mistérios. Visualizar igarapés, rios voadores e ouvir os sons da mata. Isso é possível na região Leste de São Paulo. Reunindo instalações, murais, fotos, vídeos, vitrines e ambientes com história, lendas e mitos sobre a região, a exposição Amazônia Mundi, com curadoria de Anna Claudia Agazzi, professora do Instituto de Artes da Unesp, Câmpus de São Paulo, no Sesc Itaquera, proporciona ao visitante a oportunidade de imersão na realidade da floresta.

‘A mostra é resultado de pesquisa desenvolvida nos últimos anos e tem caráter transdisciplinar. Seu processo criativo é objeto de minha pesquisa de Doutorado. A mostra foi convidada a integrar a programação oficial da Copa do Mundo no próximo ano devido à proximidade do Itaquerão e por conta da temática de interesse internacional. São mais de 10 anos de envolvimento no coletivo de criação desta mostra e participei dela em 10 países, integrando este coletivo. Neste ano, tornei-me curadora do projeto, com forte influência da ecologia sonora,  temática que tem me interessado desde o contato com Murray Schafer nos projetos de extensão da Unesp Caminhos Sonoros e Festival Unesp Ritmo e Som”, diz Anna Claudia.

Realizada pelo Sesc SP, a exposição  pretende sensibilizar o público para realidades ainda pouco conhecidas da região, dona de um patrimônio humano, cultural, social e biológico incalculável. “A exposição Amazônia Mundi é uma continuidade do processo de reflexão que o Sesc busca trazer ao seu público de forma aprofundada e lúdica. Importante como oportunidade de conhecermos melhor a população da região e reconhecê-los como parte do nosso conjunto humano, e à sua diversidade de fauna e flora como patrimônio brasileiro, sempre com o intuito de preservar, mas especialmente, de valorizar os aspectos socioculturais das regiões que formam este país”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc.

Amazônia Mundi traz para a unidade Itaquera uma cenografia inédita, resultado de um trabalho iniciado em 2002, no Sesc Pompeia, com o projeto Amazônia Br, que percorreu o mundo em 11 montagens nos últimos 10 anos, e foi visto por 1,5 milhão de pessoas. “Amazônia Mundi aproveita repertórios e experiências anteriores, incorporando as grandes mudanças pelas quais a Amazônia está passando, a partir de novos conteúdos, imagens e soluções expositivas”, afirma a curadora Anna Claudia Agazzi.

Com uma proposta de reflexão ampliada, além de aproximar o público do patrimônio amazônico e instigar a curiosidade, a exposição pretende provocar a responsabilidade em relação a ele.

Com mais de 1.200m² de ambiente expositivo, Amazônia Mundi é uma das mais importantes exposições sobre a região amazônica – que traz ao público a experiência de viajar pela maior biodiversidade do planeta e conhecer o chamado “Brasil profundo” – e não poderia estar instalada em lugar mais apropriado, os 350.000m2 que compõe a unidade do Sesc em Itaquera estão localizados em uma área de proteção ambiental.

A exposição
Na área externa, os visitantes são recebidos em uma representação de um Barracão Comunitário, muito utilizado na região como espaço de convivência. Depois, podem circular por três casas típicas que apresentam elementos-chave da cultura local: a Casa da Farinha, a Casa da Borracha e a Casa dos Fitoterápicos e Cosméticos. As construções são uma reprodução de uma vila Amazônica. O local também sedia oficinas e palestras com especialistas e moradores da Amazônia.

Duas esculturas de animais típicos da floresta amazônica (a preguiça e o peixe-boi) e um pórtico feito à base de fibra de coco e látex convidam os visitantes ao interior do galpão. A entrada é feita por um túnel escuro, onde um sofisticado sistema de som e imagem transporta o visitante para o imaginário da Amazônia.

Construída pelos índios Wayana, a Oca é outro charme da mostra. Em seu interior, a trilha sonora é feita com base em cantos e instrumentos tradicionais.

Um espelho d’água, uma vitória régia e uma canoa aproximam o visitante da sensação de estar na floresta. A família pode observar e tocar em sementes da região e conhecer a réplica de uma barraca do mercado Ver-o-Peso, de Belém, o maior ao ar livre do Hemisfério Sul. O visitante pode, ainda, se extasiar na observação das constelações do céu, no ciclo das águas e com os sons da floresta.

Outro espaço interessante é o Cine Amazônia, que exibe mostra de filmes sobre a Amazônia, com curadoria de Aurelio Michiles.

A visita oferece experiências memoráveis, como a observação de animais e sons escondidos na “floresta” e um típico igarapé com uma casa de caboclo. Os visitantes se encantam ainda com os incríveis “rios voadores”, que contribuem para a regulação climática do planeta. E dificilmente ficam indiferentes diante de “Amazonfagia”, instalação que mostra como temos “comido” a Amazônia em decorrência do atual modelo de consumo e desenvolvimento e de empreendimentos com alto impacto ambiental na região.

A exposição conta com um espaço que convida o visitante a conhecer festas populares da região amazônica, e ambientes multimídia que levam conhecimento sobre projetos em desenvolvimento na região, imagens de satélite do Rio Amazonas e muitas outras imersões.

A aventura de viajar por esse universo é amplificada pela trilha sonora desenvolvida pelo violonista e engenheiro de som Alvise Migotto. Utilizando softwares, sintetizadores, processadores de áudio e de tratamento, Alvise captou e recriou de forma artesanal sons de pássaros, insetos, vento e chuva, que compõem cada ambiente de forma diferente.

O conceito arquitetônico e cenográfico da Amazônia Mundi foi concebido por um coletivo transdisciplinar formado por Anna Claudia Agazzi, Alvise Migotto, Aurélio Michiles, Carolina Rozin, Guilherme Rossi, Lala Deheinzelin e Marcelo Barbosa. Está baseado na criação de um espaço amplo, sem compartimentos, permitindo que o visitante experimente a sensação sonora e espacial de amplitude que se tem nos ambientes naturais amazônicos, especialmente à beira dos grandes rios.

A cenografia e o projeto arquitetônico, assinados por Guilherme Rossi e pela arquiteta italiana Valentina Mion, convidam o visitante a um novo “olhar” e a uma nova “escuta” sobre a Amazônia.

Para trazer ao público uma dimensão mais rica da diversidade da região – evitando as reduções, simplificações e estereótipos que muitas vezes caracterizam o senso comum sobre ela -, os idealizadores foram buscar conteúdo junto a organizações que pesquisam e atuam na Amazônia. São eles: Instituto Peabiru, ISA – Instituto Sócio Ambiental, INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, OGPTB – Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngues, IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, WWF – World Wide Fund for Nature, Governo do Amapá, FAS – Fundação Amazonas Sustentável e ICMBio –  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

FONTE : Agência FAPESP – Amazônia Mundi