Estadistas, empresários e ativistas ambientais se reúnem para discutir formas de combater os atuais e futuros desafios postos pelas consequências das mudanças climáticas.

O começo da Semana Climática, evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (23), foi marcado pela divulgação da Declaração sobre Justiça Climática, que visa estimular ações que levem à criação de um acordo climático internacional até 2015.

A declaração destaca cinco pontos principais para garantir um futuro justo e sustentável: dar mais voz aos mais afetados pelas mudanças climáticas, reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs), estabelecer um novo modelo de investimento, reforçar a responsabilidade dos países e empresas e criar quadros jurídicos fortes.

Entre os signatários da declaração estão Luísa Dias Diogo, ex-primeira-ministra de Moçambique; Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile; Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda; e Andrew Steer, presidente do Instituto de Recursos Mundiais (WRI).

“A hora para uma liderança radical sobre as mudanças climáticas é agora. Com 2015 estabelecido como o prazo final tanto para um novo acordo climático como para o desenvolvimento de uma agenda pós-2015, estamos em um ponto no desenvolvimento humano em que precisamos agir para nos protegermos”, colocou Robinson.

“Os direitos dos mais vulneráveis na sociedade já são minados pelas mudanças climáticas e essa injustiça deve ser tratada agora. Igualmente para o bem das gerações futuras, é nosso dever, como cidadãos do mundo, criar um novo modelo de crescimento e desenvolvimento sustentável que seja apoiado por quadros jurídicos fortes”, acrescentou a ex-presidente da Irlanda.

Neste ano, a Semana Climática de Nova York acontece entre os dias 23 e 30 de setembro em diversos pontos da maior cidade dos Estados Unidos, com o objetivo de tratar do aquecimento global e outros impactos das mudanças climáticas e como fazer para combatê-los e se adaptar a eles. O encontro reúne líderes governamentais e empresariais, representantes de diversas indústrias e ativistas ambientais que devem tratar de assuntos ligados às mudanças climáticas.

O tema deste ano é ‘Nosso Futuro de Baixo Carbono – Liderança. Oportunidade. Segurança.’, que vem na esteira dos planos do presidente norte-americano Barack Obama de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e enfrentar o aquecimento global.

Outros tópicos que serão abordados durante esta semana de debates climáticos são o caminho para a realização do Plano de Ação Climática de Obama, a forma de mobilizar uma “revolução limpa” e como está a recuperação do país após um ano do furacão Sandy. O evento culminará com a apresentação de um resumo do Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

A cerimônia de abertura, na segunda-feira, contou com as palestras de Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, Todd Stern, enviado climático dos EUA, Richard Branson, fundador e CEO do Grupo Virgin, Mark Kenber, CEO do Climate Group, Meg Whitman, CEO da HP, e Bob Inglis, ex-congressista Republicano e atual diretor executivo da Energy and Enterprise Initiative. Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, deve discursar na quinta-feira (26).

Blair afirmou que está otimista com a capacidade do ser humano de lidar com as mudanças climáticas. “Nenhuma pessoa de espírito sério pode duvidar que as mudanças climáticas são causadas pelo homem. É hora de superarmos o debate científico e começarmos a tomar medidas sérias e coordenadas para combatermos os efeitos das mudanças climáticas. […] Estou em equilíbrio, otimista. O que me preocupa é a velocidade. A escala deste problema não está diminuindo.”

Jim Yong Kim falou sobre os impactos das mudanças climáticas na pobreza e a necessidade de uma ação imediata. “Décadas de progresso estão agora em perigo de serem revertidas por causa das mudanças climáticas. Essa é uma década decisiva para ação sobre o aquecimento global. O momento de enfrentar os desafios interligados das mudanças climáticas e de acabar com a extrema pobreza é agora.” O presidente do Banco Mundial também anunciou uma nova iniciativa de cidades em um evento da Clinton Global Initiative.

Stern ressaltou as ações tomadas por seu país para combater as mudanças climáticas, e disse que as diferenças e ideologias devem ser abandonadas quando da criação de um tratado internacional.

“O presidente [Barack Obama] está tomando medidas tanto com a força da autoridade do Congresso quanto da autoridade Executiva. Um novo acordo em Paris em 2015 só funcionará se as ideologias forem colocadas de lado.”

Alguns CEOs de empresas e instituições apresentaram algumas iniciativas concretas no evento. Kenber, por exemplo, anunciou que o Climate Group reunirá 100 empresas que se comprometerão a gerar energia 100% renovável.

“Governos e empresas estão cada vez mais abraçando uma revolução industrial limpa. Nossos apoiadores corporativos têm uma receita combinada de mais de US$ 1 trilhão.” O CEO do Climate Group também pediu um consenso para incentivar o crescimento de baixo carbono.

Fonte: Carbono Brasilhttp://amazonia.org.br/2013/09/l%c3%adderes-mundiais-lan%c3%a7am-declara%c3%a7%c3%a3o-sobre-justi%c3%a7a-clim%c3%a1tica/