Em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta sexta-feira (9), as organizações indígenas do estado realizam em Boa Vista a II Marcha dos Povos Indígenas de Roraima. A concentração ocorre na Praça do Centro Cívico, na área central da capital.  

Indígenas de comunidades Macuxi, Yanomami, Wapixana, Taurepang, Wai-Wai, Ingarikó, Patamona e de outras etnias do estado participam da mobilização. Caracterizados, eles realizam danças tradicionais e pedem a atenção das autoridades e da população para os problemas enfrentados. A programação deve se estender até o fim da tarde.

A previsão é que os povos indígenas marchem até o Palácio do Governo e a sede de órgãos federais em Roraima, como o Ministério Público Federal, Advocacia-Geral da União e Controladoria Geral da União. Uma carta com dez pontos de reivindicação será entregue às autoridades públicas.

As lideranças indígenas apontam os riscos aos direitos constitucionais que Propostas de Emendas Constitucionais (PECs), que tramitam no Congresso Nacional, representam aos povos indígenas do país. Dentre elas, está a PEC 215 que retira o poder da Funai (Fundação Nacional do Índio) e do Executivo de promover a demarcação das reservas indígenas no país e a transfere para o Legislativo.

“Colocam em risco a garantia de nossos direitos e ameaçam nossa sobrevivência física e cultural. Essas PECs são inconstitucionais e visam o interesse individual, econômico e politiqueiro, por isso devem ser rejeitadas”, destacam as lideranças no documento.

Conforme o presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa Yanomami, a mobilização é em prol da defesa do direito dos indígenas à terra. “As autoridades mostram cada vez mais que estão querendo acabar com a gente. Por isso estamos reunidos hoje para falarmos juntos uma palavra só e defender nossa Floresta Amazônica, nossa moradia”, defende.

As invasões às terras indígenas, em especial na Terra Indígena Yanomami, por parte de fazendeiros e garimpeiros, continua a ser um dos principais problemas enfrentados pelos povos. “Queremos que haja celeridade na retirada dos fazendeiros e demais invasores das terras indígenas, ações sistemáticas para coibir o garimpo ilegal e a adoção de ações efetivas e concretas para a proteção à posse indígena”, cobram na carta.

O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Mário Nicácio, destacou que a II Marcha dos Povos Indígenas de Roraima é um momento histórico para o país. “O ato que estamos fazendo hoje não é de comemoração, mas contra todos os atos que estão acontecendo no momento que violam os direitos dos povos indígenas, principalmente ao território”, destaca.

Os povos indígenas também se manifestam contrários a projetos de mineração em terras indígenas. “O mundo todo está de olho em Roraima por causa da Raposa Serra do Sol e Yanomami, que são as terras que tem mais minérios no Brasil. Somos contra a mineração em terras indígenas do jeito que está sendo proposta e imposta pelo governo e empresários. Será prejudicial aos indígenas”, ressalta.

A precariedade na educação, saúde e infraestrutura nas terras indígenas também são pontos de reivindicação das comunidades, assim como a criação de linhas específicas de apoio às atividades econômicas sustentáveis e anulação de regulamentações que tratam da implantação de hidrelétricas em áreas indígenas.

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