Encantada desde a primeira vez que subiu as serras de Monte Alegre com a arte rupestre deste município do Oeste do Pará, no final dos anos 80, a arqueóloga Edithe Pereira, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, vem se empenhando em compartilhar suas descobertas. Seus estudos trouxeram para o centro das discussões acadêmicas os milenares registros que fascinam os viajantes naturalistas desde o século XVIII, e já viraram livros, vídeos, pinturas, poemas, artesanatos, bijoux, notícias, debates em sala de aula e influenciaram políticas públicas. A mais recente novidade é a emissão especial de selo para divulgar a arte rupestre da Amazônia, que a Agência Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) e o Museu Goeldi lançam no dia 13 de agosto, às 9h, em Belém.
Sobre o selo – “A história contada na pedra: a arte rupestre na Amazônia” traz a representação da parede leste da Serra da Lua, localizada em Monte Alegra/PA, onde aparecem as pinturas mais importantes e conhecidas do acervo rupestre da Amazônia. O selo valoriza a relação homem e lugar, mediante o olhar do artista acerca da estética das pinturas encontradas naquele cenário que o homem escolheu como morada e abrigo.
A arte é do arquiteto e aquarelista Mário Baratta que fez uso da técnica de lápis grafite aquarelável para o desenho do paredão da Serra da Lua e a técnica de aquarela para as pinturas rupestres. Com tiragem de 540 mil, o selo será lançado em várias cidades amazônicas, como Belém e Monte Alegre no Pará, em Boa Vista/RR e Manaus/AM.
“Em tempos de internet, facebook e outras formas de comunicação virtual, os selos parecem ter perdido valor. Nada mais falso. As correspondências convencionais continuam a todo vapor e para que elas cheguem ao seu destino os selos são imprescindíveis. Eles contam a história de um país e permitem que essa informação circule pelo mundo atraindo interesse para o que está representado”, declara Edithe Pereira.
Para a arqueóloga um selo com as pinturas rupestres de Monte Alegre é forma de divulgação e valorização do patrimônio arqueológico dessa região, motivo de orgulho para a Amazônia e também para a população local que cada vez mais reconhece o importante patrimônio arqueológica que a rodeia.
A arte rupestre na Amazônia – Registros encontrados em rochas feitos por povos ancestrais em todos os continentes, sejam pinturas e gravuras, são denominados arte rupestre. A arte rupestre do norte do Brasil ainda é pouco conhecida e são poucos os pesquisadores que se dedicam a estudá-la. Especialistas acreditam que os registros rupestres na Amazônia podem ter se iniciado há 11 mil anos nas cavernas de Monte Alegre e há quatro mil anos em Roraima.
A Amazônia possui numerosos sítios arqueológicos, com arte rupestre representada em diversos temas e estilos. Uma das principais características é a representação de figuras humanas, com destaque para olhos, sobrancelhas, nariz e boca, que geralmente expressam alegria, tristeza e espanto.
Visões – O projeto “Arte Rupestre de Monte Alegre – difusão e memória do patrimônio“, desenvolvido pelo Museu Goeldi sob a coordenação de Edithe Pereira, com o apoio da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), e patrocínio da Petrobras, produziu vários instrumentos de divulgação sobre este importante patrimônio arqueológico do Brasil e das Américas. Além da visão científica de Edithe Pereira, o projeto também apresenta as perspectivas do poeta Juraci Siqueira, do aquarelista Mário Baratta e do cineasta Fernando Segtowick.
A exposição “Visões: A Arte Rupestre de Monte Alegre” iniciada em dezembro de 2012 em Monte Alegre e em maio passado no Museu Goeldi, em Belém, apresenta ao público esta multiplicidade de olhares, que também incorpora a visão dos museólogos e comunicólogos do Goeldi, da população de Monte Alegre, de especialistas de outros campos e de artesãos. A exposição segue em cartaz no Pavilhão da Rocinha até 30 de setembro.
Na exposição podem ser encontradas informações científicas, as reproduções dos registros rupestres, além das aquarelas produzidas nos sítios arqueológicos pelo arquiteto Mário Baratta; os poemas de Juraci Siqueira, que subiu as serras de Monte Alegre e se inspirou nos rostos pintados nas rochas para compor e criar a personagem Itaí, que dá nome à publicação infantil lançada ao mesmo tempo da abertura da exposição, e o documentário de Fernando Segtowick, que captou com sensibilidade a beleza natural da região e o impressionante patrimônio arqueológico. O circuito também é composto pelo material multimídia sobre o assunto, incluindo depoimentos de visitantes e a população de Monte Alegre, e a venda de publicações e artesanatos inspirados no tema.
Honra ao Mérito – Por sua dedicação a divulgação e conservação do patrimônio arqueológico do Pará e o sucesso alcançado com o projeto “Arte Rupestre de Monte Alegre – difusão e memória do patrimônio”, a arqueóloga Edithe Pereira receberá em breve o Título de Honra ao Mérito concedido pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará. A comenda será entregue pela Deputada Estadual Josefina Carmo.
FONTE : Agência Museu Goeldi – Um presente à memória da Amazônia — Este site está sendo migrado… Clique aqui para acessar novos conteúdos em gov.br/museugoeldi Museu Paraense Emílio Goeldi (museu-goeldi.br)