As queimadas em Mato Grosso têm consumido diversas áreas indígenas e de conservação, principalmente após deflagrado o período que compreende o proibitivo de fogo. Segundo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 1.491 focos de incêndio foram registrados em terras indígenas no país, sendo que mais da metade está concentrado no estado: 787. Os dados se referem ao período entre 15 de julho e 19 de agosto, ficando empatados no segundo lugar no ranking os estados de Tocantins e Maranhão com 245 focos cada um.
Em solo mato-grossense, a pior situação ocorre na terra Marãiwatsédé, região nordeste de Mato Grosso, no município de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá. Lá, foram registrados 157 focos de queimada, conforme o Inpe. Em Paresi, região de Tangará da Serra, a 242 km da capital, está logo atrás no número de registros com 107 focos de calor. Contudo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) considera haver ao menos outras nove terras indígenas em estado crítico.
“A situação está tensa com as chamas se alastrando devido à área seca e ainda por conta de ações criminosas nas áreas, principalmente em Marãiwatsédé”, destacou Nicélio Silva, que atua na coordenação do Ibama. A área foi alvo de conflito agrário entre a União e posseiros, que questionavam a ocupação tradicional indígena ao longo de 20 anos. Já na Paresi, que compreende 1 milhão de hectares, a estimativa é de que as chamas já consumiram mais de 60 hectares, no total.
O controle do fogo é realizado pelo Centro Especializado de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), órgão que reúne diversas entidades com o objetivo de combater as queimadas no estado, e que conta com cinco brigadas, sendo três delas indígenas. São 61 índios treinados e que combatem os focos de calor ao longo do período crítico de incêndio. Eles são das etnias Bakairi, localizada na região de Paranatinga, a 411 km de Cuiabá; Wawi, provenientes da região de Querência , a 912 km, perto do Parque do Xingu; além de um grupo Paresi.
Eles estão aliados aos outros brigadistas não índios espalhados pelo estado, somando 157 homens atuando nas brigadas. Até o ano passado, o Ibama designava as brigadas para atender áreas no entorno de municípios com alta ocorrência de focos de calor.
Contudo, lei complementar de 2011 fez com que o trabalho, a partir deste ano, os demais entes federados recebam atribuição por essas regiões, deixando para as brigadas do Prevfogo o foco em áreas de responsabilidade federal, como terras indígenas, projetos de assentamento e unidades de conservação do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
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