Lideranças das comunidades Radianai e Haxiu, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, produziram documento solicitando às autoridades competentes ações de retirada de garimpeiros da reserva. Segundo os indígenas, o garimpo avança cada vez mais rumo às comunidades, o que tem causado preocupação entre eles.

Os indígenas relatam no documento repassado à Hutukara Associação Yanomami que a atividade ilegal de extração de minérios tem se intensificado nas proximidades dos rios Mucajaí e Apiaú. Entre as comunidades do Hakoma e do Haxiu, ambas no município de Alto Alegre, existem pelo menos quatro garimpos ativos.

“Em cada ponto de garimpo (baixão) existem dois motores a diesel trabalhando diariamente. Eles têm cinco revólveres e há espingardas. Os garimpeiros têm ainda duas voadeiras que auxiliam no transporte pelo rio Mucajaí. Existia uma pista de pouso velha que os garimpeiros recuperaram e chamam de pista do ‘Jacamim’. Os aviões fazem voo mensal”, detalharam as lideranças.

Foi informado ainda que haveria Yanomami vindos da Venezuela trabalhando com os garimpeiros. Além disso, os indígenas denunciam que os envolvidos na extração ilegal de minérios estariam recebendo apoio de fazendeiros da região.

O tuxaua da comunidade Radianai, Antônio Yanomami Waiká, no município de Iracema, destacou que este ano a Fundação Nacional do Índio (Funai) em Roraima já realizou ação de retirada de garimpeiros da região. Entretanto, desde o mês passado, os pontos de garimpo estão sendo reativados.

“Na região do Apiaú está cheio de garimpeiros. Eles sobem o rio de barco, durante à noite, pelo rio Apiaú, e depois vão para o rio Novo e rio Sujo, onde estão mais ou menos seis lugares com maquinários de garimpo e balsa”, informou.

Ele pontuou a necessidade ‘urgente’ de uma nova ação para a desativação de pontos de garimpo no local. “Estamos esperando a Funai e a Polícia Federal para retirarem esses garimpeiros que estão poluindo o rio com mercúrio e matando os peixes que nós precisamos para comer. A comunidade fica com medo desses invasores”, disse.

A Hutukara Associação Yanomami informou que o documento produzido pelas comunidades será encaminhado para a Polícia Federal e Funai/RR para conhecimento da situação relatada e adoção de medidas cabíveis.

Outro lado O coordenador regional da Funai, André Vasconcelos, informou que o órgão tem feito um trabalho constante de retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Este ano já ocorreu uma ação de desativação de garimpo na região e existe a previsão de outra, com data ainda a ser definida.

Ao G1, o superintendente da Polícia Federal em Roraima, Alexandre Saraiva, informou que a repressão ao garimpo em áreas indígenas é uma das prioridades do órgão. Várias prisões já foram efetuadas e novas ações estão sendo programadas. Uma das medidas em andamento, inclusive, é a implantação de uma base fixa de fiscalização no rio Uraricoera, juntamente com a Funai. 

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