Encerrou na última sexta-feira (7) a oficina entre entidades brasileiras, principalmente do estado do Acre, e entidades peruanas e bolivianas. Intitulada como “Corredores Socioambientais na Amazônia Brasileira e Peruana”, o encontro começou no último dia 3 no Centro de Formação dos Povos da Floresta, da Comissão Pró-Índio do Acre, em Rio Branco.
Como resultado foram confeccionados 5 mapas, produzidos em conjunto pelas entidades, que demostram a situação da área de fronteira entre os países.
Os mapas analisam os impactos das obras de infraestruturas, como por exemplo as estradas e vias que ligam a fronteira. “A temática é gerar mapas em relação aos corredores socioambientais na área transamazônica de Ucayali, Madre de Dios e o Acre. Neste ano foi incorporado também a região de Pando, na Bolivia, que também faz fronteira com o Acre”, afirma Bertha Balbim, representante do Instituto Panamericado de Geografia e História (IPGH)
O professor William Flores, mestre em ecologia da Universidade Federal do Acre (UFAC), explica que o grupo trabalha com dados cartográficos que tratam de diversos temas. Ao todo foram produzidos 5 mapas. O primeiro é um mapa base da cartografia da região, os usos da terra, as cidades, rodovias e unidades de conservação. Após eles, os mapas são divididos por temáticas que são exploradas com maior detalhe.
“Depois produzimos um mapa da estrutura viária, mostrando as vias que existem, as estradas oficiais que são amplamente divulgadas, as vias não oficiais, que são estradas que não são registradas oficialmente, usadas principalmente na exploração ilegal de madeira”, explica Flores.
O terceiro mapa mostra os desafios na produção conjunta de conteúdo entre países. “Quando se trabalha com três países, a forma de produzir os dados são completamente diferente, quando a gente junta esses dados em uma mesma base cartográfica, muitas vezes há diferença de sobreposição, os mesmos temas tratados de formas diferente”, afirma o profissional.
Os outros mapas tratam da hidrografia na região e dos chamados corredores ecológicos. O professor David Salisbury, da Universityof Richmond, nos Estados Unidos, trabalha em parceria com a Universidade de Ucayali e explica que na região de fronteira entre os países está sendo construído um corredor viário, onde estradas e rodovias pretendem ligar as regiões.
Porém, os mapas mostram que nesta região já existe um corredor formado por áreas de preservação e terras indígenas. “Já existe um corredor na fronteira, que não é de transporte, é de conservação. É isso que chamamos de corredor socioambiental, onde terras indígenas estão lado a lado lutando para defender a biodiversidade e a diversidade cultural, esse corredor socioambiental está sendo ameaçado pelo corredor de transporte”, afirma.
Para ele, os mapas servem como informação na hora de planejar a construção de estradas ou exploração da terra. “Fazendo mapas de informações compartilhadas, de infraestruturas de transporte que cruzam a fronteira e corredores de biodiversidade cultural nos ajudam a entender como podemos trabalhar melhor e fazer a gestão da fronteira amazônica e dá subsidio para os tomadores de decisões desses países”, diz.
O coordenador do setor de geoprocessamento da CPI/ACRE, José Frank, explica que os mapas servem também para discutir com as comunidades que vivem nesta região, principalmente os povos indígenas.
“Os mapeamentos participativos subsidiam os povos a pensarem a questão dos seus territórios e verem como é a questão no lado peruano, esse grupo possibilita a comissão a potencializar o seu trabalho e faz os povos indígenas refletirem essa dinâmica de fronteira”, explica.
VER MAIS EM : G1 – http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2013/06/entidades-ambientais-produzem-mapas-da-regiao-de-fronteira.html
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