Até o próximo sábado (4), 50 voluntários – entre médicos, enfermeiros e equipe de apoio – participarão do mutirão que atende comunidades indígenas no meio da Floresta Amazônica. Um centro cirúrgico foi montado na Aldeia Santa Inês (AM), na região do Alto Solimões, para atender as comunidades, onde vivem cerca de 52 mil índios. A expectativa é fazer mais de 2 mil atendimentos, como consultas com dentistas e oftalmologistas, 250 cirurgias – uma média de 40 por dia – entre elas, de catarata, hérnia, ginecológicas e plásticas reparadoras. Ao longo do ano, seis comunidades indígenas deverão receber esse tipo de ação.
O atendimento é feito pelos Expedicionários da Saúde, organização da sociedade civil de interesso público (Oscip) de médicos voluntários criada em 2002, que tem apoio do Ministério da Saúde. A coordenadora-geral da organização, Márcia Abdala, conta que é a terceira vez que a ação ocorre na região. “Nós estamos voltando porque a demanda aqui é muito grande”, disse, ao lembrar que os expedicionários estiveram na área em 2008 e 2009.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que esteve na aldeia nesse fim de semana, ressaltou que a ação ajuda a complementar o acesso à saúde. “Ela reforça porque traz algumas especialidades que só é possível trazer em situações como essa, como cirurgia de catarata, de hérnia, de vesícula”, disse à Agência Brasil.
Além disso, o ministro ressaltou que o mutirão em áreas remotas serve de exemplo para os estudantes de medicina. “Também nos ajuda muito a despertar nas faculdades, entre os estudantes, nos jovens médicos, a vontade de participar de ações como essa. Saber que é possível salvar vidas na Região Amazônica”, acrescentou.
Com a ajuda do ministério e das Forças Armadas, foi possível levar atendimento a índios do Vale do Javari, um ponto da floresta de difícil acesso, segundo Márcia Abdala. “É uma logística que nós sozinhos jamais teríamos condições de fazer. Mas o apoio da Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] e da Força Aérea fez com que a gente conseguisse chegar até lá para fazer a triagem e trazer para cá 60 pacientes cirúrgicos”.
Também estão sendo atendidos índios de comunidades do entorno da Santa Inês, que foi escolhida por ser um local de acesso mais fácil. Os indígenas que chegam de longe são hospedados na Aldeia Campo Alegre, vizinha à área onde estão os expedicionários. “Eles chegam em Campo Alegre, se alojam lá, são alimentados, e o barco a gente chama a cada dez minutos. Eles são atendidos e passam pela triagem. Quem é paciente cirúrgico já fica para o dia seguinte. E quem não vai fazer cirurgia aproveita para cuidar do dente, fazer seus óculos, esse tipo de especialidade”, explica Márcia.
Apesar do atendimento médico, os indígenas aproveitaram a presença do ministro para pedir melhorias para a aldeia. “Nós também queremos saneamento básico na nossa comunidade. Falta água nas casas”, destacou o cacique Firmino da Silva, que também pediu um hospital para a aldeia.
A melhoria do saneamento, segundo Padilha, está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O plano é estender a rede de água do posto de saúde e da escola para as casas. “Agora vamos para o segundo passo, que é mapear, demarcar claramente cada casa, cada comunidade para identificar aqueles que ficam permanentes na comunidade para estender aquilo que já está na escola, no posto de saúde, em pontos coletivos, para a casa das pessoas”.
Segundo o ministro, será inaugurado um hospital de referência em Tabatinga (AM), município próximo à aldeia. “Você vai juntando várias comunidades como esta e tem um serviço de alta complexidade, onde terão os especialistas, as cirurgias”, disse Padilha.
*O repórter viajou a convite do Ministério da Saúde
Escrito por: Daniel Mello
Fonte: Agência Brasil
Edição: Carolina Pimentel
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