Inicialmente publicado em espanhol no final de 2012, o atlas Amazônia sob Pressão, da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), foi lançado em duas novas versões – português edição impressa e digital e inglês edição digital – neste sábado (27/4), em Belém (PA), durante a Feira Panamazônica do Livro, no Hangar Centro de Convenções.
As novas versões, traduzidas da publicação em espanhol Amazonía bajo presión, 2012, revistas e corrigidas, foram apresentadas neste sábado (27/4), durante o evento Literatura e Sustentabilidade 2, na Feira Panamazônica do Livro, por Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, uma das instituições que compõem a Raisg. A apresentação, no Hangar Centro de Convenções, em Belém, começa às 15h30, e é aberta ao público.
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Entre os destaques do Atlas está a análise do desmatamento mostrando que entre 2000 e 2010, foram suprimidos cerca de 240 mil km2 de floresta amazônica nos nove países onde ela está presente. As pressões e ameaças à Amazônia indicam que paisagens de florestas, a diversidade social e ambiental e de água doce estão sendo substituídas por paisagens degradadas, savanizadas, áreas mais secas e mais homogêneas.
Elaborado e produzido por organizações da sociedade civil e de pesquisa que integram a rede, a publicação em português e em inglês, assim como outros produtos gerados pela Raisg (disponíveis em raisg.socioambiental.org), tem como principal objetivo superar visões fragmentadas da Amazônia sul-americana e fornecer uma visão abrangente das pressões e ameaças para toda a região.
Desmatamento do tamanho do Reino Unido
O desmatamento, por exemplo, dos cerca de 240 mil km2 de floresta amazônica entre 2000 e 2010, representa nada menos que o dobro da Amazônia equatoriana ou a totalidade do território do Reino Unido. O atlas alerta que se as ameaças identificadas em projetos rodoviários (estradas ou multimodais), de petróleo e gás, mineração, hidrelétricas se tornarem pressões no futuro próximo, até metade da Amazônia atual poderia desaparecer. E constata um arco do desmatamento que se estende do Brasil para a Bolívia, uma área de pressão sobre água, de exploração de petróleo na Amazônia Andina e um anel periférico de mineração.
“Se todos os interesses econômicos que se sobrepõem se concretizarem nos próximos anos, a Amazônia vai se tornar uma savana com ilhas de floresta”, diz o coordenador geral da Raisg, Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (Brasil), uma das organizações que compõem a rede.
Contribuição para o debate democrático
Amazônia sob pressão traz um conjunto de seis pressões e ameaças sobre a região na última década – estradas, petróleo e gás, hidrelétricas, mineração, desmatamento e focos de calor – analisados por cinco diferentes unidades territoriais: a Amazônia, o Amazonas de cada país, Áreas Naturais Protegidas, Bacias Hidrográficas e Territórios Indígenas.
Tais análises são feitas em 55 mapas, 61 tabelas, 23 gráficos, 16 boxes e 73 fotografias. Todas as informações e análises estãos organizada em capítulos temáticos, totalizando 68 páginas. Não foi possível nesta edição incluir a análise de temas relevantes como a mineração ilegal, extração de madeira e agricultura, devido à falta de informação qualificada e cartograficamente representável para todos os países da Amazônia. Quando esses fatores forem incluídos a situação geral poderá ser ainda mais adversa.
O atlas Amazônia sob pressão é uma contribuição da sociedade civil para o debate democrático sobre as pressões na Amazônia, e particularmente na questão do desmatamento, que atualmente está sob avaliação por diversos governos nacionais e em nível intergovernamental da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
A Amazônia retratada
Território de alta diversidade socioambiental em rápida mudança a Amazônia apresentada cobre uma extensão de 7,8 milhões de km2, com aproximadamente12 macrobacias e 158 sub-bacias, compartilhadas por 1.497 municípios, 68 departamentos / estados / províncias em oito países: Bolívia (6,2%), Brasil (64,3%), Colômbia (6,2%), Equador (1,5%), Guiana (2,8%), Peru (10,1%), Suriname (2,1%) e Venezuela (5,8%), além da Guiana Francesa (1,1%).
Na Amazônia vivem cerca de 33 milhões de pessoas, incluindo 385 povos indígenas, alguns em situação de “isolamento”. São 610 ANPs e 2344 TIs que ocupam 45% da superfície amazônica, não incluindo os proprietários de terras pequenas, médias e grandes, empresas de vários tipos, instituições de pesquisa e desenvolvimento, bem como organizações religiosas e da sociedade civil.
Raisg, iniciativa que promove o acesso à informação e propõe desafios
O principal objetivo da Raisg, desde a sua fundação, é incentivar e facilitar a cooperação entre as instituições que já trabalham com sistemas de informações georreferenciadas socioambientais nos oito países da Amazônia, e da Guiana Francesa. Atualmente, a rede tem 11 instituições associadas (raisg.socioambiental.org/instituciones). A proposta da rede sempre foi criar um ambiente propício para o desenvolvimento de longo prazo, cumulativo e descentralizado, que permite compilar, construir e publicar informação e análise sobre a dinâmica contemporânea da (Pan) Amazônia.
Este atlas tem como objetivo consolidar uma visão ampla e inclusiva regional que vai além da Amazônia no Brasil, e inclui o ambiente andino e amazônico guaianenses. É um esforço histórico para analisar a questão do desmatamento em toda a Amazônia usando uma metodologia padronizada. O trabalho para a implementação dependeu de várias reuniões físicas em São Paulo, Lima, Belém, Bogotá e Quito, desde 2009 e teve o apoio de instituições como a Fundação Rainforest da Noruega, a Fundação Ford, a Fundação Avina e a Skoll.
Um dos principais desafios para as instituições envolvidas na Raisg será calcular o desmatamento acumulado até 2000, ano tomado como base na primeira edição do Amazônia sob Pressão.
Fonte: Instituto Socioambiental ISA
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