Com a homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e de várias outras terras, agora a grande preocupação do CIR é a Sustentabilidade Ambiental e as Mudanças Climáticas, temas que vêm sendo tratados com uma das prioridades nos últimos anos. Neste encontro, as lideranças vão discutir amplamente esses assuntos. “Os índios, usando seus conhecimentos tradicionais, aliados às novas tecnologias, podem ajudar o Planeta. O desafio é grande e os povos indígenas têm se esforçado”, disse o coordenador-geral do CIR, Mário Nicácio Wapichana.
Os primeiros desafios começaram em 2003, quando foi realizado o I Seminário Etno-Ambiental Indígena de Roraima, a partir do qual foram promovidos diversos seminários e oficinas sobre Gestão Ambiental, Mudanças Climáticas, Serviços Ambientais e REDD (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação Floresta).
Desde aquele ano foram feitas capacitações dos Agentes Ambientais Indígenas em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), totalizando um número de 240 agentes ambientais em processo de formação continuada de todas as etnias do Estado.
Conforme Mário Nicácio, a atuação dos Agentes Ambientais Indígenas representa hoje o principal instrumento de proteção das terras iimplantação de sistemas híbridos de geração elétrica de origem solar e eólica nas comunidades indígenas da etnorregião das Serras.
O coordenador do CIR disse que o Projeto Cruviana tem o objetivo de avaliar o potencial de aproveitamento da energia eólica nas terras indígenas e promover a consulta e esclarecimentos junto às comunidades. “Os povos indígenas não são contra a chegada da energia elétrica nas comunidades, mas querem uma energia que não prejudique o meio ambiente”, disse protestando contra os projetos de construir hidrelétricas dentro das terras indígenas.
AUTOSSUSTENTAÇÃO – Ao lado da luta pela terra, um dos principais objetivos do Conselho Indígena de Roraima (CIR) tem sido à busca de alternativas de autossustentação visando o etnodesenvolvimento das comunidades indígenas.
Conforme o coordenador do CIR, neste sentido foi desenvolvido nos últimos dez anos um grande número de projetos voltados ao aprimoramento da Bovinocultura, Piscicultura, Agroecologia e Preservação de Sementes Tradicionais, entre outros.
Uma das principais alternativas econômicas das comunidades é o Projeto do Gado, introduzido na década de 80 com o apoio da Diocese de Roraima tendo como finalidade a reconquista do território e a segurança alimentar.
Os rebanhos são distribuídos às comunidades indígenas e repassados a outras após cinco anos, sob o acompanhamento dos conselhos regionais do CIR, chegando neste período a um total de mais de 50.000 rezes.
DIREITOS – No encontro do Lago do Caracaranã também será discutido o Planejamento Estratégico do CIR elaborado para o período de 2013 a 2015. E entre seus objetivos estão a promoção do acesso e a efetivação dos direitos indígenas, sua participação plena nas políticas públicas e o enfrentamento das situações de violência.
As atividades previstas incluem capacitação permanente das lideranças indígenas, incidência nas políticas públicas de educação, saúde e cultura, denúncias sobre a violação de direitos humanos e criminalização de lideranças indígenas, apoio à valorização e organização das mulheres e jovens indígenas e promoção de campanhas e mobilizações dos povos indígenas em busca de seus direitos.
Apesar do reconhecimento formal das terras indígenas de Roraima em atos administrativos e jurídicos, o coordenador do CIR afirmou que continua o desafio para que as comunidades indígenas exerçam efetivamente seus direitos, tendo a posse de suas terras livres das invasões, usufruindo dos recursos naturais, administrando seus projetos de desenvolvimento sustentável, e gerindo seus territórios conforme suas decisões, usos, crenças e costumes.
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