Após um pico isolado no ano passado, os indicativos de desmatamento registrados na Amazônia Legal voltaram aos patamares de controle. Os dados do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), divulgados na tarde desta quinta-feira (28/03), em Brasília, mostram que as taxas de alteração de paisagem no bioma caíram em relação ao mesmo período anterior. As mudanças nas estratégias de fiscalização aparecem como principais responsáveis pela redução do desflorestamento.

Somente em agosto passado, a região amazônica experimentou devastação ambiental expressiva, com 522 hectares degradados, 220% a mais do que o registrado no mesmo mês de 2011. “Não há indicativos de aumento nem de descontrole. Agosto é um mês de seca, em que há muitos incêndios e, portanto, bastante degradação”, justificou o diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luciano Evaristo de Menezes.

CASO ISOLADO

Os números mais recentes contabilizados pelo Deter, no entanto, mostram que a alta taxa de agosto foi um caso isolado. Em janeiro deste ano, foram contabilizados apenas 9 km2 de devastação. Contra os 22 km2 registrados no mesmo mês de 2012, a redução é de 58%. Em fevereiro, os registros seguiram a mesma tendência. Foram 270 km2 desmatados, frente aos 307 verificados no mesmo mês do ano anterior, o que representa queda de 12%.

Feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Deter é um levantamento que usa imagens capturadas diariamente por satélite. O objetivo é analisar a mudança de paisagem da Amazônia Legal, que pode ser decorrente de fenômenos como desmatamento e queimadas. O sistema funciona, portanto, como uma espécie de alerta e suporte para a fiscalização. As áreas degradadas menores que 25 hectares, porém, não são contabilizadas pelo Deter.

Por conta do pico de agosto, o acumulado do Deter apresentou ligeiro aumento. Entre agosto de 2012 e fevereiro deste ano, o satélite do Inpe identificou 1.695,27 km2 de destruição florestal, contra os 1.338,84 km2 devastados no mesmo período anterior, o equivalente a 26,62%. “É uma informação de apoio à fiscalização”, ponderou o presidente do Ibama, Volney Zanardi Junior. “Mas a intensificação das operações já está trazendo muitos resultados positivos.”

CRIMES AMBIENTAIS

A fiscalização encabeçada pelo Ibama tem se mostrado cada vez mais eficaz. Entre agosto de 2012 e 25 de março deste ano, foram aplicados R$ 1,4 bilhão em multas por conta de crimes ambientais cometidos na Amazônia Legal. Além disso, as operações realizadas na floresta somam R$ 15 milhões em bens apreendidos, 187.794,65 de hectares de áreas embargadas e 65.024,99 m3 de madeiras em toras recolhidas pelas equipes.

Para o presidente do Ibama, o sucesso do combate ao desmatamento se deve a medidas como a instalação de bases autônomas e móveis no interior da floresta, com a presença de integrantes da Força Nacional de Segurança Publica e efetivo militar. As equipes se instalam nos pontos críticos da Amazônia, conforme os alertas emitidos com base no Deter. “A fiscalização ocorre todos os dias do ano e já mostra resultados bastante significativos”, avaliou Zanardi.

FONTE :  ASCOM/MMA