Com o nível do rio Branco em 36 centímetros, o período de seca em Roraima começa a se intensificar de maneira preocupante. Conforme registrado por órgãos de monitoramento, o maior período de estiagem até ontem  foi registrado em 1998, quando o nível do rio Branco bateu a marca dos 40 centímetros. Do alto da ponte dos Macuxi já é possível visualizar as praias que a cada dia ganham mais extensão em decorrência da seca. Até a retirada de areia em alguns pontos, está sendo feita de forma limitada.

De maneira preventiva, o Governo de Roraima decretou, na semana passada, situação de alerta no Estado e lançou a Operação Cidadania 2013. A intenção é monitorar a situação emergencial em todo o território roraimense.

Com base em dados do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil Estadual, divulgados no inicio do mês, já foram registrados 1.750 focos de calor até o momento. Incêndios florestais em algumas regiões também já ocorrem. Além disso, existem municípios sem água para o consumo humano e dos animais.

Navegabilidade está comprometida

Em Boa Vista, os barqueiros que atuam no ramo de turismo, pesca e outras atividades, já sentem no bolso a situação. Ontem havia uma grande quantidade de barcos ancorados nos portos localizados no perímetro urbano da Capital.

A maioria está praticamente parada, entre pescadores, barqueiros que realizam a travessia para as praias e aqueles que fecham pacotes de passeios mais longos.  O barqueiro e guia turístico João Ribeiro da Silva disse que a atividade está comprometida com o baixo nível do rio Branco.

Ele explicou que há dois meses a categoria não consegue realizar os passeios para a Serra Grande, o que tem causado um prejuízo de aproximadamente R$2 mil por mês.

“Não podemos correr o risco de encalhar o barco com passageiros, pois é necessário prezar pela segurança das pessoas que buscam o serviço. Sozinho, por várias vezes, já fiquei preso nos bancos de areia. Isso dificulta a vida da gente”, ressaltou o barqueiro.

Produção de tijolos também é afetada

Os oleiros também reclamam da seca. Segundo eles, a produção caminha para o comprometimento na Vila Vintém, principal ponto de fabricação artesanal, no Município do Cantá, do outro lado do rio Branco.

“Na seca fica mais difícil para tirar barro. Quando tiramos, ele seca muito rápido. É preciso fazer o tijolo com rapidez e nós trabalhamos com poucas pessoas. Em dias normais, fazemos mais de 1.200 tijolos. Hoje estamos produzindo menos de mil”, reclamou um dos oleiros.

Quanto ao um possível reajuste de preço, eles afirmam que até o momento não há planejamento neste sentido. O preço do milheiro de tijolos de dois furos continua R$ 220,00 para pegar na vila e 280 para entrega.

Caer alerta para racionamento

A Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer) informou, em nota, que monitora diariamente o nível do rio. Ontem estava marcando 36 centímetros. Por enquanto, a situação na captação de água bruta do rio Branco está sob controle.

A empresa afirmou ainda que está trabalhando com o intuito de evitar o racionamento de água. “No entanto, o ideal é que todas as residências instalem uma caixa de água para evitar maiores transtornos, caso o verão se intensifique a ponto de ser necessário o racionamento da água”, frisa a nota.

VER ÍNTEGRA EM :  Folha de Boa Vista