O governo do Amazonas deve concluir até março um levantamento da viabilidade econômica e dos investimentos de infraestrutura logística necessários à exploração do calcário agrícola na mina de Jatapu, em Urucará (a 640 quilômetros de Manaus). Com uma reserva estimada inicialmente em 1,7 milhão de toneladas do minério nos tipos empregados na agricultura, a mina tem potencial para tornar o Estado autossuficiente na produção para o consumo interno e convertê-lo em um dos principais polos de comercialização para o mercado brasileiro.  

A mina de Jatapu tem a exploração licenciada pela empresa Nassau Itautinga há quase três décadas. De lá é extraído apenas o tipo do calcário usado na fabricação de cimento. Agora, a jazida vai atingir as faixas do minério com as propriedades aplicáveis à agricultura, facilitando a produção. Transformado, o minério é empregado na correção do solo e auxilia na piscicultura, pecuária, recuperação ambiental e beneficiamento de potássio.

Na última semana, um grupo de composto por representantes das secretarias estaduais de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (Semgrh), de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Planejamento (Seplan), Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Centro Estadual das Unidades de Conservação (Ceuc) e da comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás e Energia da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), presidida pelo deputado estadual Sinésio Campos, esteve na mina de Jatapu para aprofundar as discussões com a empresa.

O maior entrave é viabilizar o escoamento do minério processado. O transporte hidroviário de Jatapu está descartado pela Itautinga e o Governo Estadual analisa a abertura de uma estrada pavimentada, com extensão de 102 quilômetros, ligando a mina em Urucará à rodovia BR-174, em Presidente Figueiredo. O investimento projetado é de cerca de R$ 50 milhões.

“Vamos ver todas as alternativas para que esse bem chegue ao mercado consumidor. Há um interesse estratégico porque importamos 100% e ele é um item básico para a produção de alimentos”, frisou o secretário estadual de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Nava. O consumo anual do calcário agrícola é de 20 mil toneladas, ao custo de R$ 420 a tonelada para o produtor, valor que deve ser 75% menor com o início da produção local.

De acordo com Daniel Nava, o levantamento também vai considerar as questões ambiental, fundiária, hidrológica e logística que precisam ser feitas para viabilizar a atividade. Antes do relatório final ser apresentado ao governador Omar Aziz, o que está previsto para acontecer até o final do mês de março, o grupo deverá se reunir com autoridades e a população. A comunidade da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, que fica nos municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, vai conhecer o projeto. Na área da RDS, a Itautinga possui licença prévia para pesquisar o potencial de calcário para produção de cimento, mas só vai iniciar os estudos com a garantia de exploração posterior, o que só poderá ser feito mediante consenso com o conselho gestor da reserva.

O próximo encontro do grupo de trabalho está marcado para o dia 27 de fevereiro, na ALE-AM. A reunião deve contar ainda com a presença de parlamentares e prefeitos dos municípios de Presidente Figueiredo, Itapiranga, São Sebastião de Uatumã e Urucará.

Fonte: A Crítica
Com informações da Agecom

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