SP cria centro de pesquisas e prevenção de desastres naturais. Objetivo é integrar pesquisadores da USP e fazer mapeamentos de áreas de risco.

O reitor da USP, João Grandino Rodas, assinou um convênio nesta quinta-feira (31) com representantes do governo paulista e do Ministério da Integração Nacional para a criação na universidade de um Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, o chamado Ceped, no âmbito do estado de São Paulo.  

O objetivo do centro, que terá orçamento mínimo de R$ 3 milhões, segundo o reitor, é integrar pesquisadores da USP que trabalhem com prevenção e redução de danos por catástrofes naturais, além de formular mapeamentos de áreas de risco e novos estudos sobre abrigos temporários, manejo de recursos para as vítimas, resíduos decorrentes dos desastres e potenciais novas ameaças, tanto no estado quanto em outras regiões do país. 

Pelo menos 42 pesquisadores da USP de áreas diversas, como meteorologia, geofísica, engenharia, saúde pública e psicologia fazem estudos relacionados a desastres naturais e suas vítimas, segundo um levantamento citado pelo professor Hugo Yoshizaki, da Escola Politécnica, um dos responsáveis pelo planejamento do Ceped.

“Agora temos a pedra inaugural, o ‘ok’ para efetivamente estruturar o centro. Estamos mapeando o conhecimento que já existe na USP, vamos reunir pesquisadores, montar novos projetos, conversar com a sociedade para ver a demanda existente e ver o que devemos fazer”, diz Yoshizaki.  

Ele ressalta cinco grandes frentes, chamadas de “projetos estruturantes”, que devem nortear os trabalhos do Ceped a médio prazo: mapas colaborativos dos desastres naturais; um banco de dados das áreas de risco, com informações sobre potenciais vítimas, entre outras coisas; estudos sobre a construção de abrigos temporários; pesquisas sobre o manejo de resíduos sólidos que resultam de uma catástrofe, como escombros e restos de concreto; e a criação de sensores que ajudem a prever catástrofes.  

O professor preferiu não apontar um projeto prioritário para o início do Ceped, já que leva em conta que todos serão importantes e que vai depender da demanda da sociedade. “Tem certas coisas que conseguimos atender rapidamente, mas será que são as mais prioritárias? Precisamos discutir”, pondera.  

Tanto o professor quanto o reitor consideram que o Ceped começa a operar imediatamente, com a assinatura do convênio. No entanto, deve levar alguns meses até que o centro esteja totalmente estruturado.  

Sobre o orçamento, Rodas apontou que o poder público está disposto a investir para além dos R$ 3 milhões que a USP está prevendo para o centro.”O que nós verificamos aqui é que tanto o estado quanto o governo federal estão muito interessados em aplicar recursos. Não haverá limitações com referência a isso, já que é um tema importante.”.  

Outra questão é trabalhar em rede com outros Cepeds, como os existentes no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco, aponta Yoshizaki. “O Brasil é um país grande, e temos recursos limitados. Essa é uma preocupação que nós temos. Ter uma rede é um projeto de médio prazo, mas importante. Também acho que precisamos trabalhar em conjunto com pesquisadores de fora do país, trocar conhecimentos”, disse.   

Para o secretário nacional de Defesa Civil, coronel Humberto Vianna, mapear áreas de risco é um dos projetos importantes que o Ceped pode vir a realizar. “Dimensionar a população em áreas de risco, capacidade de absorção de água no solo, ter pessoas habilitadas para intervir. Isso é um conjunto, uma intervenção”, ressalta.

Vianna pondera que a USP, a médio prazo, pode vir não só a fazer a execução desse mapeamento, mas também pode capacitar técnicos e pessoal em regiões com dificuldades em obter especialistas que cuidem da prevenção de desastres naturais.  

(Portal G1) – http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85678