Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus

A linha de Transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus permitirá a integração dos estados do Amazonas, Amapá e do oeste do Pará ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Com aproximadamente 1.800 quilômetros de extensão total em tensões de 500 e 230 kV em circuito duplo, passará por trechos de florestas e vai atravessar o Rio Amazonas.

Por se tratar de uma obra complexa e realizada predominantemente na floresta amazônica foi definido um projeto compatibilizado com as orientações do órgão ambiental, buscando mitigar os impactos ambientais decorrentes, tais como alteamento de torres, uso de estruturas autoportantes e adoção de apenas picada para lançamento de cabos. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 3 bilhões.

Além de interligar sistemas isolados do extremo norte, a nova linha vai diminuir o custo com geração termelétrica. A conclusão da obra do “linhão”, como é chamada a linha de transmissão, possibilitará ao País uma economia de R$ 2 bilhões por ano. Com isso, o cálculo é de que a linha se pagará em pouco mais de um ano e o fornecimento predominante será de energia limpa e renovável. Com o fim do uso de combustível fóssil, cerca de 3 milhões de toneladas de carbono deixarão de ser lançados na atmosfera.

O edital para a licitação da linha foi publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em março de 2008. A SPE Manaus Transmissora de Energia S/A vai construir o trecho Oriximiná / Silves / Lechuga, em 500 kV, com extensão de 586 km, nos estados do Amazonas e Pará. As empresas participantes são Eletronorte, Chesf e a espanhola Abengoa.

A empresa espanhola Isolux venceu os outros dois lotes, o lote “A” que liga Tucuruí a Jurupari, em 500 kV,  e o lote “B” que liga Jurupari a Oriximiná, em 500 kV e Jurupari a Macapá, em 230 kV. Esses trechos têm conclusão prevista para junho de 2013 e dezembro de 2012, respectivamente. Cerca de 4 mil operários trabalharam na execução da linha.

Em abril de 2011, foi concluída a montagem da primeira torre da linha de transmissão que ligará a Usina Hidrelétrica Tucuruí a Manaus, Macapá e dezenas de cidades do interior. A torre situada no trecho entre Oriximiná e a Subestação Engenheiro Lechuga, na capital amazonense, tem 62 metros de altura – o equivalente a um prédio de 20 andares, e pesa 24 toneladas.

O projeto da interligação faz parte do Programa de Expansão de Transmissão (PET) 2008-2012, desenvolvido com o objetivo de levantar as obras necessárias à expansão da rede básica. O “linhão” integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Os estudos preliminares sobre a viabilidade do projeto, que liga Tucuruí a Manaus e atende também o Amapá, surgiram no final dos anos 1980. Os levantamentos foram retomados em 2004, com a aprovação das leis que instituíram o novo marco regulatório do setor elétrico. Em 2007, o projeto do “linhão” foi apresentado.

Foram avaliadas várias alternativas para o traçado da linha para encontrar a que ofereceria menor impacto ambiental. Inicialmente foram consideradas seis opções. O tipo de vegetação e o uso do solo foram pontos decisivos na escolha. Quando havia interferência em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, foi feita mudança no traçado. Outro ponto importante do projeto diz respeito à travessia de rios. O Amazonas, por exemplo, chega a ter até dez quilômetros de largura em alguns pontos. O sistema permite acrescentar um terceiro circuito à linha no futuro, usando o mesmo corredor.

Linhão de Tucuruí pode causar danos ambientais em área do Igarapé do Mindu, diz especialista

Caminhões e outros equipamentos estão trabalhando nas obras do “linhão” e transitam entre as árvores – Foto: A CRÍTICA

A instalação de torres de transmissão de energia elétrica do Linhão de Tucuruí às margens do igarapé do Mindu, em Manaus, pode causar graves impactos na mobilidade urbana, no solo, no clima, na fauna e na vegetação do local, provocando desde alagamentos de ruas, como as avenidas Umberto Calderaro Filho e Maceió, a alterações climáticas na área de influência da obra, sobretudo no bairro Parque Dez, na Zona Centro-Sul.

Animais como o sauim-de-coleira, que sofre risco de extinção, podem ficar isolados devido à redução do habitat e se tornarem vítimas de choque elétrico, e répteis e peixes nativos podem ter a reprodução comprometida.

O alerta foi feito pelo especialista em manejo de fauna em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rogério Fonseca, ao ser consultado sobre as obras do Linhão de Tucuruí dentro do Corredor Ecológico do Mindu, iniciadas há poucos dias. Para Fonseca, a instalação das torres “não está no lugar certo” e outro local deve ser considerado pelos responsáveis.

Revisão

As obras do Linhão de Tucuruí dentro do Corredor Ecológico do Mindu e na margem do igarapé foram iniciadas, sem alarde, há alguns dias, mas a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) prometeu rever o licenciamento ambiental concedido à Eletrobras Amazonas Energia.

O órgão municipal afirmou que ainda nesta quarta-feira (30), notificaria a concessionária a respeito da revisão do documento. Nesse ínterim, a concessionária tem autorização para executar as obras apenas em outras áreas do traçado do Linhão de Tucuruí em Manaus.

Refúgio

Na última terça-feira (29), a reportagem de A CRÍTICA flagrou máquinas e tratores em um trecho a poucos metros do igarapé do Mindu, nas proximidades do Parque Municipal do Mindu.

Funcionários do parque, que pediram sigilo de seus nomes, demonstraram preocupação com o futuro dos animais que vivem no parque. O local é refúgio de animais silvestres, como cotia, preguiça, arara, tucano e sauim-de-coleira, este último ameaçado de extinção.

Durante a visita ao canteiro de obras, a reportagem não encontrou apenas máquinas de perfuração para a instalação das torres, mas também áreas onde árvores foram suprimidas.

Nem mesmo uma árvore localizada numa pracinha do condomínio Veneza, localizado ao lado do Igarapé do Mindu, escapou. Ao seu redor, várias pequenas toras de madeira estavam espalhadas, que seriam usadas provavalmente como calços.

Segundo Rogério Fonseca, a área do Igarapé do Mindu é uma zona de infiltração de água que serve como amortecimento da cidade. “É por conta do Parque do Mindu estar ali que as avenidas Paraíba (Umberto Calderaro Filho) e Maceió não ficam debaixo de água. Essa capacidade de absorção da água pela área de floresta que tem nas margens vai diminuir se as torres forem instaladas ali”, explicou.

Outra conseqüência é que, reduzindo a área verde, reduz-se também o dormitório dos papagaios e periquitos, o que levaria estes animais a procurar outras áreas para descansar. “Tirou a floresta, para onde eles vão migrar? Vão para os condomínios, ‘encher o saco’ dos moradores. Isso em uma área onde os buritizais já foram aterrados para se construir a entrada de um condomínio”, contou.

Licenciamento

Procurada, a Eletrobras Amazonas Energia disse que a obra citada é a Linha de Transmissão Mutirão-Cachoeira Grande-Compensa e que ela possui licenciamento ambiental.

A empresa diz que trata-se “de obra de baixo impacto ambiental por não exigir a realização de terraplanagem ou o desmatamento de área considerável, tendo em vista que serão instaladas apenas torres de transmissão. Neste trecho, foi  programada a instalação de torres de transmissão cujas linhas são instaladas sobre a vegetação (com mais de 15 metros de altura) de forma a evitar o desmatamento e outros impactos”.

O licenciamento ambiental que autoriza a Eletrobrás Amazonas Energia realizar as obras na área foi liberado pela própria Semmas, na gestão do ex-secretário Marcelo Dutra, na administração de Amazonino Mendes.

A CRÍTICA apurou que o processo possui indícios de falhas. Há quem questione até mesmo as medidas mitigatórias propostas pelo EIA/RIMA elaborado pela concessionária.

Nessa quarta-feira (30), a atual gestão da Semmas informou que uma equipe já estaria em campo para avaliar os impactos produzidos pela obra. Após o término dessa avaliação será possível fornecer maiores informações.

“Até que tenhamos uma análise da situação a empresa/prestadora de serviços irá ter a notificação de trabalhar em outras partes da linha de transmissão aguardando o posicionamento do órgão”, disse a nota.

Sistema

A linha de transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus vai interligar os Estados do Amazonas, Amapá e parte do Pará ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Terá aproximadamente 1.800 quilômetros de extensão total em tensões de 500 e 230 kV em circuito duplo e passará por trechos de florestas e vai atravessar o rio Amazonas. O licenciamento ambiental interestadual foi concedido pelo Ibama.

Na nota que enviou ao jornal, a Eletrobras Amazonas Energia informou que está executando obras em diversas áreas da cidade de Manaus e que, na região citada pela reportagem, estão sendo realizadas obras que fazem parte da implantação da Linha de Transmissão (LT) de 138 kV, necessária ao escoamento da energia proveniente da interligação de Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio do ‘linhão’ de Tucuruí, em 500 kV.

1.191 kilómetros de transmisión eléctrica en el Amazonas – Brasil

Isolux Corsán es la adjudicataria única de la construcción y concesión de 1.191 kilómetros de líneas de alta tensión de 500 y 230 kV, que conectará Manaus y Macapá, (capitales de los estados brasileños de Amazonas y Amapá respectivamente), con el Sistema Interconectado del Brasil.

Interconectar Manaus al sistema eléctrico nacional atravesando la selva del Amazonas.

El proyecto, financiado por el SUDAM (Superintendencia de Desarrollo de la Amazonia ) y el BASA (Banco de la Amazonía), es una de las obras más complejas que ha desarrollado Isolux Corsán, tanto por sus dimensiones como por las dificultades del territorio, en plena región amazónica.

En su ejecución participarán más de 4.000 profesionales brasileños, que vivirán, durante el tiempo que dure su misión en el proyecto, en uno de las 14 campamentos habilitados para la albergar a los trabajadores de la obra.

  • Un efecto colateral de la interconexión será el desligamiento de la generación actual de la zona contaminante y cara. Y que supone un ahorro de la Cuenta de Consumo de Combustibles (CCC).
  • Además de la conexión eléctrica de Manaus y Amapa al SIN, también nuestra línea permitirá que ambas capitales disponga de una red de fibra óptica que soporte la demanda creciente de comunicaciones de voz y datos.

Entre las particularidades del proyecto, Isolux Corsán está construyendo dos torres de 295 metros de altura y 2.500 toneladas de peso para cruzar en el río Amazonas un tramo de 2000 mts. Otro de los tramos de 70 kilómetros es una zona pantanosa. La compañía tendrá que realizar la construcción de los elementos necesarios para elevar las torres que soportarán las líneas de transmisión eléctrica, desde balsas habilitadas para tal fin. Estas son algunas de las complejas soluciones que permitirán superar las dificultades de construcción de este proyecto en plena selva.

La nueva infraestructura cuenta con todas las licencias medioambientales y también con un plan de rescate de fauna y flora en peligro de extinción que lleva a cabo un equipo de biólogos.

VER VÍDEO : Cruzando el Amazonas – YouTube

A CRÍTICA – Linhão de Tucuruí pode causar danos ambientais em área do Igarapé do Mindu, diz especialista (acritica.com)

ISOLUX – Projetos – Isolux Corsán (isoluxcorsan.com) 

 

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5 Comentários

  1. antonio carlos marques ferreira

    quero um telefone para entrar em contato com o escritorio da empresa linhão macapa

  2. Boa tarde

    Por favor faça contato direto com os responsáveis pelas obras http://www.isoluxcorsan.com/es/proyecto/1191-kilometros-de-transmision-electrica-en-el-amazons.html

    A Equipe Ecoamazônia agradece sua participação

  3. CARLOS SERGIO ALMEIDA DE MORAES

    Prezados srs.
    solicito um e-mail da isoluxcorsan para contato pois pretendo oferecer meus serviços de supervisão aos srs e enviar o meu c.v.
    sds.
    carlos de moraes.

  4. Gostaria de obter um número de telefone para contato, para compra de sucata de alumínio.

    Nota da Ecoamazônia: Não dispomos dessa informação. Equipe Ecoamazônia