A desocupação do vilarejo de Posto da Mata, último reduto de resistência dos não índios contrários à saída da Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, tem data marcada para acontecer. Ocupado por pelo menos 50 agentes da Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e Rodoviária desde este último domingo (30), o lugar terá que ser desocupado definitivamente até o dia 4 de janeiro. 

Oficiais de Justiça acompanhados por policiais estão passando de casa em casa para alertar os moradores sobre o prazo de saída. Segundo a Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú, a imagem que impera nesta segunda-feira (31) é a movimentação de caminhões de frete com a mudança dos últimos moradores. Muitos deles também estão desmontando as casas levando consigo partes de telhas, madeiras, tijolos para reconstruir a nova moradia nos municípios vizinhos à comunidade.

O Posto de combustíveis que antes concentrava as lideranças dos produtores rurais foi tomado pelos agentes de segurança. No local, eles formaram uma espécie de ‘Quartel General’. Na madrugada deste domingo, quando chegaram ao vilarejo, os agentes identificaram e prenderam cinco pessoas envolvidas no incêndio do caminhão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na última sexta-feira (28) que carregava sete toneladas de alimentos para os índios da região.

Por telefone, o secretário de Articulação Social da Presidência da República, em Brasília, Paulo Maldos, informou ao G1 que o motorista e mais um rapaz da Funasa foram rendidos por um grupo de 20 homens armados. “Eles renderam o motorista e mais um acompanhante e levaram os dois para um hotel. Lá, eles fizeram tortura psicológica e ameaças de morte”, afirmou.

Os alimentos foram saqueados pelos moradores que alegaram estar ‘passando fome’ na localidade em decorrência da escassez de alimentos. O G1 apurou que as cestas básicas já foram apreendidas pela polícia. Um dos detidos, o gerente do posto de combustíveis do local, teve que pagar fiança de R$ 6,2 mil para ser liberado.

Os moradores relataram que a chegada dos agentes no local causou pânico e desespero. Muitos deles disseram que os homens da Força Nacional de Segurança utilizaram bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. “Saí para conversar com uma vizinha para ver o que estava acontecendo e eles soltaram umas três bombas perto de nós”, disse a moradora Neuza Fernandes.

FONTE :   G1

VER ÍNTEGRA EM  :  http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/12/policia-da-4-dias-para-vila-erguida-em-area-indigena-de-mt-ser-desocupada.html