Ao menos 15% do território da Amazônia tem potencial para exploração petrolífera ou já tem extração, aponta o atlas “Amazônia sob Pressão”, divulgado por 11 organizações não governamentais.
São 327 lotes petrolíferos espalhados por seis países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e venezuela. Somados, os lotes equivalem a 1,08 milhões de km² da Amazônia. A maior parte deles (102) está na Colômbia, segundo o relatório, formulado com base em dados da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG).
Apesar de liderar o número de lotes, o país não é o campeão em extensão de áreas de interesse petrolífero. O Peru lidera o ranking, com 659,93 mil km² de áreas exploradas ou com potencial, o equivalente a 84% do território amazônico no país.
Já o Brasil fica na terceira posição em territórios de interesse, com 127,86 mil km² espalhados em 55 lotes. O destaque fica para a quantidade de áreas prospectadas: mais de 99% da área potencial brasileira (126,84 mil km²) é estudada para retirada de petróleo, segundo o atlas. Mas as áreas efetivamente exploradas são poucas: apenas 1,01 mil km².
Exploração efetiva – Atualmente o país que mais explora efetivamente áreas amazônicas em busca de petróleo é o Equador, que retira combustível fóssil de 21% de sua floresta (24,95 mil km²). Cerca de 40% do território equatoriano é mata amazônica, afirma Sigrid Vásconez, diretora ambiental do Grupo Faro, ONG equatoriana que atua com a criação de políticas públicas no país.
A equatoriana Sigrid pondera que a retirada do petróleo, que começou no país na década de 1970, levou à divisão da Amazônia em “blocos petrolíferos”. As regiões que são alvo de exploração estão principalmente no norte do Equador, afirma a diretora ambiental.
“A Amazônia [no Equador] está dividida em blocos petrolíferos. Agora o país está licitando o que antes não havia sido explorado, campos [de petróleo] na região central”, afirma Sigrid.
A diretora ambiental pondera que a exploração do petróleo causou desmatamento no país, principalmente de forma indireta. “A atividade petrolífera em si mesma pode ser moderna e não causar tanto impacto”, disse. “O que ocorre é que, quando se abriu a fronteira petroleira [no norte do país], houve a vinda de trabalhadores, abertura de estradas, um desenvolvimento completamente desordenado. Agora, o que preocupa é que ocorra o mesmo ali [na região central].”
Novos Interesses – Como é uma região imensa e de difícil acesso, a Amazônia sempre foi uma parte mais remota e pobre dos países da América do Sul, pondera o cofundador e pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo.
A região, no entanto, tem despertado novos interesses, pela capacidade de produção de energia hidrelétrica e pelas hipóteses de exploração de petróleo e minérios. “O Brasil tem um papel importante, por ter a Petrobras e o BNDES. O país tem que primar por ser o exemplo e mostrar que sabe cuidar bem da Amazônia”, afirma Veríssimo.
A área total atualmente explorada pelos países (40,71 mil km²) corresponde a 0,55% do território amazônico. A região prospectada, no entanto, é dez vezes maior – 428,47 mil km², ou 6% da Amazônia na América do Sul.
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