A desocupação da área indígena Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso, vai completar duas semanas na próxima segunda-feira (24), e já chegou a 53 propriedades rurais, estando 30 desocupadas. Mesmo diante da resistência de grupos de moradores ao processo de desintrusão, a adesão voluntária tem aumentado. É o que apontou a Fundação Nacional do Índio (Funai), nesta sexta-feira (21).
Os trabalhos da força-tarefa, composta por servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Funai, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Exército seguem sem interrupção durante todo o período das festas de final de ano. E nesta semana novos reforços chegaram à região para auxiliar na retirada dos moradores não índios.
Segundo a Funai, desde o início da operação, o Incra cadastrou 194 famílias para análise de perfil com vistas ao reassentamento em programas da reforma agrária. Já foram consideradas aptas 80 famílias, e as avaliações dos cadastros prosseguem, pontuou a Fundação.
Um projeto de assentamento criado em Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá, denominado “PAC Vida Nova”, será utilizado para realocar as famílias que atualmente residem no distrito de Posto da Mata. Deve beneficiar 300 ocupantes da localidade, segundo a Fundação.
Carta
Em carta datada de terça-feira (18), o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Steiner, fala sobre a situação do Povo Xavante e de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia que deixou a cidade após sofrer ameaças.
“A saída de Dom Pedro mostra mais uma vez que a violência não vem dos índios, como também não vem dos pequenos agricultores. A situação de conflito da terra Xavante não é de hoje. É uma longa história de êxodo e sofrimento de um povo. A terra indígena, após a retirada forçada dos Xavante nos anos 60, foi sendo dividida em grandes fazendas. Para assegurarem essas terras invadidas, incentivaram a vinda de famílias que adquiriram lotes na terra Xavante”, consta na carta.
Ainda segundo a Funai, em toda a terra indígena foram notificadas 455 pessoas para deixar a área, por meio de mandados judiciais expedidos entre os dias 7 e 17 de novembro. O último prazo, de 30 dias, concedido pela Justiça Federal de Mato Grosso para que os produtores desocupassem o território encerrou na segunda-feira passada (17).
Desocupação
De acordo com o plano de desocupação, quatro seriam as áreas atingidas pela desocupação: as primeiras englobando as grandes fazendas, seguidas pelas médias, pequenas e, por fim, a comunidade de Posto da Mata, em Alto Boa Vista.
Esta semana, a Fundação Nacional do Índio afirmou terem sido identificadas 22 grandes propriedades, que juntas são detentoras de um terço das terras. A Funai atribui a elas o “rápido desmatamento da área”.
“Em 1992, cerca de 66% (108.626 ha) da área total de Marãiwatsédé eram compostos de floresta e 11% (18.573 ha) de cerrado. Atualmente, esta é a terra indígena com maior área desmatada da Amazônia Legal, com 61,5% do território desmatados, convertidos, em sua maioria, para atividades de agricultura e pecuária”, disse o balanço.
FONTE : G1
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