Estudantes da comunidade Posto da Mata, em Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá, tiveram o ano letivo encerrado mais cedo por causa do cumprimento da ordem judicial para a retirada dos moradores não-índios. As aulas deveriam encerrar na próxima sexta-feira (21), mas devido ao medo das famílias, muitos alunos desistiram de ir até a escola. Nesta segunda-feira (17), a desocupação na reserva Marãiwatséde completou uma semana.
A professora Rosair Peres de Oliveira Leal emociona-se ao pensar que este será o seu último ano lecionando na instituição de ensino. “Deveria ser um momento de alegria, porque a gente está encerrando mais um ano, e outro que iríamos nos encontrar, agora não”, lamentou em entrevista à TV Centro América.
A coordenadora Rita Dias Costa relata que os professores também sentem dificuldades de continuar as aulas até a próxima semana devido ao clima de tensão. “Nós não estamos em condições emocionais para continuar trabalhando. Os alunos também acham difícil vir à escola. É triste para nós ver a realidade que estamos vivendo”.
Há 17 anos Germana Pereira da Silva trabalha preparando a merenda das crianças, desde quando as salas ainda eram de madeira. “Eles [estudantes] estão sem rumo, não conseguem ver mais ninguém aqui trabalhando”, desabafou ao falar sobre os últimos dias na escola.
Já estudantes relatam o clima de tristeza. “Vou perder meus colegas, as pessoas que gosto”, disse Roany Almeilda.
Mesmo tendo vencido o prazo para a saída voluntária da terra indígena Marãiwatséde, muitos moradores ainda resistem a determinação judicial. A expectativa das famílias é o último recurso que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve ser julgado até esta terça-feira (18).
Enquanto a desintrusão continua, o destino de muitas desta famílias ainda é incerto. “Nós não temos estrutura nenhuma para receber este pessoal que está saindo da terra reserva Suiá-Missú para a sede do município. Não temos estrutura nenhuma. Não temos habitação, água, a saúde é precária”, declarou o prefeito de Alto Boa Vista, Leuzipe Domingues Gonçalves.
Desocupação
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo menos 15 fazendas já foram retomadas pelo Governo Federal, até esta segunda-feira (17). Desde o dia 10 de dezembro, agentes federais (oficiais de justiça e força policial) percorrem a região com mais de 165 mil hectares.
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