Um sobrevoo feito em 2011 por uma equipe da Eletronorte, acompanhada do sertanista Porfílio de Carvalho, na divisa entre Roraima, Amazonas e Pará, no Sul do Estado, identificou mais uma tribo indígena isolada, ou seja, índios que até o momento não mantiveram contato com outras comunidades. A descoberta rendeu a publicação de uma portaria no dia 26 passado, que delimita e restringe uma área de 43 mil hectares no município de Rorainópolis, a 294 km de Boa Vista, onde vivem os primitivos índios Pirititi.

O coordenador da Fundação Nacional do Índio em Roraima (Funai/RR), André Vasconcelos, disse que a partir da identificação da tribo, a Funai em Brasília publicou  a portaria para que antropólogos e outros profissionais da Fundação estudassem a cultura dos índios e seus artefatos, dentro da área delimitada, que fica fora da reserva dos índios Waimiri-Atroari.

Vasconcelos explicou que a Eletronorte faz um trabalho com os Waimiri-Atroari, por isso, junto com o sertanista, sobrevoaram a área e descobriram os Pirititi, o que resultou em um relatório enviado à Funai. O documento foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que logo solicitou informações e a delimitação da área para os estudos.

“A portaria interdita a área para que uma equipe da Funai estude os aspectos gerais daquela comunidade. Esse grupo de trabalho vai apontar, por exemplo, o tamanho da área necessária para proteção dos Pirititi, a área para sobrevivência física e cultural deles”, frisou.

Os estudos não têm prazo definido para serem concluídos. O grupo de trabalho será formado pela Coordenação-Geral dos Índios Isolados, da Funai de Brasília.

A portaria veta o acesso de pessoas não vinculadas à Funai. A medida estabelece ainda que a área se chame Terra Indígena Pirititi. A exigência foi feita inicialmente pelos Waimiri-Atroari, grupo indígena vizinho cujas terras foram demarcadas na década de 1980. Os relatos dos Waimiri-Atroari levaram a Funai a crer que os Pirititi vivessem em uma área compreendida pela Terra Indígena Waimiri-Atroari. No entanto, estudos constataram que o grupo estava presente também em regiões fora da área demarcada, o que foi confirmado em sobrevoo realizado por uma equipe da Fundação no ano passado.

Segundo a Funai, a área habitada pelo grupo é alvo de solicitações de permissão de desmatamento e exploração econômica. O objetivo da restrição de ingresso, locomoção e permanência na região é garantir que os pirititi permaneçam isolados em seu território.

As Forças Armadas e policiais poderão ter acesso à área, desde que estejam no cumprimento de suas funções e sejam acompanhadas por funcionários da Funai. O cumprimento da medida será fiscalizado pela Frente de Proteção Etnoambiental Waimiri-Atroari e pelo setor da Funai responsável por índios isolados e recém-contatados.

OUTRAS TRIBOS – André Vasconcelos informou ainda que, no Município de Iracema, dentro da Terra Indígena Yanomami, próximo à maloca do Paapiú, a quase 250 quilômetros da Capital, foi descoberta outra comunidade indígena isolada, da etnia Moxateteri. Na região, a Funai mantém a base da Serra da Estrutura para proteger os índios.

Após sobrevoo, a Funai também recebeu relatórios de outra comunidade indígena isolada, localizada em terra Yanomami, próxima à região do Auaris. “E estes índios ainda não têm nome”, frisou o coordenador. Após os estudos antropológicos, a área delimitada pode ser homologada para se tornar terra indígena.

FONTE – Folha de Boa Vista / por Amilcar Júnior

Portaria da Fundação Nacional do Índio (Funai), publicada em 26/12/2012, no Diário Oficial da União