Foi realizada  em 06 de dezembro uma  reunião com o objetivo de criar uma frente em defesa do Rio Branco. O evento, que contou com a participação de diversos setores da sociedade: indígenas  sindicalistas, lideranças de movimentos sociais, pescadores, produtores rurais, cientistas, ambientalistas, entre outros, decidiu pela constituição de uma comissão provisória para nortear as mobilizações em defesa do Rio Branco.

Serão indicados os participantes de cinco comissões temáticas, que serão formadas com responsabilidade nas seguintes áreas: estudo dos impactos ambientais; estudo de alternativas; divulgação; acompanhamento jurídico; e mobilização.

Foi divulgada a versão preliminar do Manifesto da Frente, que estão aberta para o acolhimento de sugestões e colaboração.

Também foi lançado um abaixo assinado em defesa do Rio Branco.

abaixo assinado em defesa do Rio Branco

Íntegra do manifesto

Manifesto da Frente em Defesa do Rio Branco

(versão preliminar para avaliação)

A Frente em Defesa do Rio Branco foi criada para proteger o maior patrimônio natural do povo de Roraima, que se encontra atualmente ameaçado pelo plano de construção da Hidrelétrica do Bem Querer, alterando drasticamente um trecho de 140 km de extensão e afetando diretamente os municípios de Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Cantá, Bonfim e Boa Vista.

A Frente em Defesa do Rio Branco exige a imediata paralisação dos procedimentos administrativos nas esferas federal e estadual relativos à construção da Hidrelétrica do Bem Querer e pede que todas as alternativas energéticas sejam avaliadas com profundidade e transparência antes de qualquer decisão sobre a construção de hidrelétricas, levando em conta não apenas o custo em dinheiro, mas também o custo social e ambiental para as gerações de hoje e amanhã.

A Frente em Defesa do Rio Branco quer favorecer a participação da sociedade no debate sobre as alternativas energéticas para Roraima, através da divulgação de informações e da abertura de espaços para o diálogo, em busca de um futuro com justiça social, ambiental e econômica.

A Frente em Defesa do Rio Branco defende que a tomada de decisão sobre a construção desta hidrelétrica, bem como de qualquer grande obra em Roraima, deve ser uma responsabilidade compartilhada com toda a sociedade, através de um processo verdadeiramente participativo e bem informado, que favoreça a contribuição de todos os segmentos e reconheça o papel do conhecimento científico e tradicional.

A Frente em Defesa do Rio Branco ressalta que a saúde deste rio, de seus afluentes e de suas nascentes, é indispensável para o futuro de todo o povo de Roraima, rural, urbano e indígena, e que suas águas e margens devem ser protegidas de toda a forma de agressão.

A Frente em Defesa do Rio Branco reconhece que o Rio Branco é historicamente utilizado de forma sustentável por pescadores e extrativistas, que devem ter sua atividade econômica e seu modo de vida respeitados.

A Frente em Defesa do Rio Branco chama atenção para o potencial turístico das praias do Rio Branco, um potencial econômico que ainda é pouco explorado e que pode se tornar um nova alternativa de desenvolvimento.

A Frente em Defesa do Rio Branco considera que o crescimento econômico não pode ser alcançado a qualquer preço, que os recursos naturais são finitos e também pertencem àqueles que ainda estão por nascer, e que a geração de riqueza só faz sentido se for acompanhada de sua melhor distribuição.

A Frente em Defesa do Rio Branco, finalmente, faz questão de lembrar que a contribuição do rio Branco para o rio Negro e o rio Amazonas, levando em conta o volume e a qualidade da água, a riqueza e a quantidade de peixes, é um valioso serviço ambiental que Roraima presta para o Brasil, um serviço que ainda precisa ser reconhecido, divulgado e valorizado.

Boa Vista, Roraima, 06 de dezembro de 2012