Corredeiras do Bem Querer – Ativistas protestam contra hidrelétrica

Com o objetivo de evitar que se construa a Hidrelétrica do Bem-Querer dentro da área do sítio arqueológico, conforme tramita no Senado Federal no Projeto de Decreto Legislativo nº 201/ 2007, organizações, entidades e a população em geral se reuniram na campanha “Salve o Rio Branco, Patrimônio de Roraima”, no início da tarde de ontem, na avenida Santos Dumont, às margens do rio Branco, bairro São Pedro.

Paralela a apresentação de artistas, de vídeos com depoimentos e informações passadas por especialistas sobre a situação, um abaixo-assinado foi lançado em defesa do rio, exigindo a imediata paralisação dos procedimentos administrativos na esfera federal e estadual relativos à construção da hidrelétrica. A pretensão é colher 15 mil assinaturas.

Segundo um dos organizadores do manifesto, o biólogo Ciro Barros, tudo começou após a edição da Emenda Constitucional nº 03, de 23 de outubro de 2012, pela Assembleia Legislativa de Roraima, que retirou o tombamento das corredeiras do Bem Querer, no município de Caracaraí, e da faixa de 500 metros das margens do rio Branco, bens anteriormente protegidos pelo artigo 159 da Constituição do Estado de Roraima.

A hidrelétrica é, sem dúvida, a maior preocupação, mas existem outras como a poluição que pode ser ocasionada com construções de indústrias nas proximidades do ambiente e o declínio da atividade pesqueira”, salientou o biólogo.

Dentre os impactos socioambientais que a barragem trará ao Estado, conforme ele, está a inundação de propriedades rurais localizadas nas margens do rio Branco desde a barragem localizada a 10 km acima da sede de Caracaraí até a confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, que dão origem ao Branco, ao Norte. Os municípios de Iracema, Mucajaí, Boa Vista, Cantá e Bonfim também poderão ser atingidos.

O movimento entende que a segurança energética é necessária, mas há várias outras maneiras de se conseguir, como a união do Linhão de Guri e da Hidrelétrica de Tucuruí, que até 2015 estarão operando em regimes complementares, sendo suficiente para atender a demanda em Roraima, podendo inclusive vender energia a outros Estados.  “Assim como foi informado, segundo o Atlas Eólico Brasileiro, existe aqui um grande potencial eólico, sendo o campeão do vento. Então a construção da hidrelétrica nas corredeiras do Bem-Querer é desnecessária”, explicou Barros.

Além do movimento Puraké, mais de 30 organizações, empresários, entidades do setor pesqueiro, agricultura e pecuária, igrejas católicas e evangélicas e membros da sociedade estão envolvidos nessa mobilização.

Para o empresário e pescador há mais de 25 anos Stanley Boboco, a situação precisa ser revista, pois se sente prejudicado assim como os outros profissionais. “Não só nós pescadores, mas a população roraimense, precisa se unir a nós nesta causa. Faz-se necessário que nossos representantes também tomem conhecimento dos prejuízos que podem ser causados ao Estado. Por isso estou junto nessa campanha”, ressaltou ao dizer que tudo que conquistou hoje é fruto do seu trabalho.

Os manifestantes estão planejando outras ações como levar a campanha para outros municípios, principalmente àqueles que serão afetados diretamente. E começar reuniões com especialistas para construir uma fundamentação técnica que mostre outras alternativas de energia como a eólica, pois Roraima existe uma enorme possibilidade, é a solar.  Usaremos sempre as redes sociais na internet para divulgação e montaremos um grupo que tome a frente e acompanhe toda a parte administrativa e judicial das nossas propostas”, frisou Barros.

O comerciante Fábio Pampoulha, 34, acompanha a iniciativa da mobilização desde quando começou, mas ainda não tinha participado de nenhum evento. “Mas hoje estou aqui porque me preocupo com o futuro do nosso Estado. Esse é o momento de nos mostrarmos interessados em proteger o que é nosso e zelar por isso”, disse.

FONTE : Folha de Boa Vista

Nota da Ecoamazônia – A Fundação para o Ecodesenvolvimento da Amazônia – Ecoamazônia  – é um dos signatários do abaixo assinado e apoia o movimento. Em um segundo momento a Ecoamazônia pretende apresentar alternativas para a hidrelétrica do Bem Querer, inclusive defendendo a construção da Hidrelétrica de Cotingo, que é a de menor impacto ao meio ambiente, e que gerará muitos benefícios para as comunidades indígenas da bacia do Cotingo (royaltes) 

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3 Comentários

  1. NATÁLIA PADILHA

    Irão destruir Roraima com essa hidrelétrica! Pense mais no povo que sobrevive da pesca, e que vivem ali à muito tempo! Muito grata se pensarem nisso.

  2. Conceição

    Eu jamais concordaria com um absurdo desse. Eu nasci em Caracaraí-RR, e tenho um carinho muito grande por esse ponto turístico. Espero que as autoridades parlamentares pensem no município de Caracaraí.

  3. Acho uma vergonha para esses deputados de Roraima que só pensam em dinheiro.Sem dúvidas eles só estao de olho na verba.Não pensam nas maravilhas do nosso estado,coisa que eles não conhecem.