Um ranking elaborado pelo Instituto de Adaptação Global (Gain, na sigla em inglês) com 176 países coloca o Brasil na 58.ª posição em termos de resiliência, ou capacidade de reação, às mudanças climáticas e globais projetadas para os próximos anos. A falta de infraestrutura está entre os principais desafios para deixar o País menos vulnerável.

À frente dos chamados Brics (bloco de emergentes que tem ainda Rússia, África do Sul, Índia e China), o País ficou atrás de Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai na América do Sul. “O Brasil está indo melhor do que a maioria de seus vizinhos. Mas muitas pessoas ainda carecem de mais educação básica e assim seguem mal preparadas para enfrentar as mudanças climáticas”, diz Ian Noble, que coordenou o estudo.

Dinamarca e Suíça lideram o ranking geral, que desde 1995 analisa duas questões separadamente: a vulnerabilidade e a prontidão das nações. Nessas listas, o Brasil ficou na 47.ª e na 71.ª posições, respectivamente.

Em termos de vulnerabilidade, segundo o instituto, o Brasil é beneficiado pela abundância de recursos naturais e a estabilidade política nas últimas décadas, mas terá de lidar melhor com o crescimento econômico.

“Agora o desafio é para aqueles responsáveis por guiar o Brasil e gerenciar seus recursos para observar de maneira mais aprofundada os detalhes para descobrir por que e onde eles devem se concentrar”, afirma Noble. “É preciso direcionar para problemas urbanos e de alimentação, dois indicadores que mostram flutuação na lista da Gain e são provavelmente as questões com as quais os brasileiros se deparam diariamente.”

No item prontidão, o governo brasileiro é criticado pela falta de políticas claras frente à possibilidade de alterações climáticas nos próximos anos. A avaliação final da pesquisa, porém, é de que o País tem boas condições de se adaptar rapidamente. “O Brasil tem tido crescimento em quase todos os indicadores, com melhora constante nos últimos anos e provável aumento nos próximos rankings”, diz Noble. “Mas essa lista não permite que nenhum país relaxe em seus méritos: todos devem manter seus esforços e adotar cada vez mais as melhores práticas.”

Riqueza

Nos 18 anos em que o ranking é divulgado, o Brasil nunca passou da 57.ª colocação e teve sua pior performance em 2007, quando foi listado em 70.º lugar. Em todos os rankings, os países africanos e a Coreia do Norte ocupam as últimas posições.

“A lista evita medições de riqueza como o PIB per capita, pois incluí-los seria uma dupla ‘punição’ aos países pobres – uma por não terem dinheiro e outra pela dificuldade que a falta de recursos traz para gerenciar sua vulnerabilidade e prontidão. Mas, mesmo assim, o ranking é fortemente ligado à riqueza dos países”, admite Noble.

O estudo lembra, no entanto, que todos os países já começam a ser afetados pelas mudanças climáticas, cujos indícios estariam cada vez mais evidentes – um exemplo seriam os longos períodos de seca na Austrália e nos Estados Unidos, que causaram um aumento nos preços de alimentos por todo o planeta.

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