Agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) prenderam anteontem, à tarde, 52 garimpeiros que extraíam ouro da terra indígena Yanomami, na região do Apiaú, no Município de Mucajaí. Como estavam em desvantagem numérica, os seis servidores da Funai, acompanhados de mais seis índios Yanomami, só conseguiram chegar à sede da Polícia Federal, na Capital, com apenas 25 garimpeiros.
Segundo o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami / Yekuana, João Batista Catalano, a operação, embora arriscada, transcorreu sem crises, apesar de os garimpeiros estarem em maior número, alguns com ânimos acirrados. “Tivemos que pernoitar no local de difícil acesso. Dos 52 garimpeiros, 12 fugiram à noite se embrenhando na mata. No dia seguinte, já no posto da reserva Yanomami, outros 15 atravessaram o rio e também fugiram”, disse.
No início da tarde de ontem, no posto da reserva, no rio Apiaú, os seis agentes da Funai receberam o apoio de uma guarnição da Polícia Ambiental da Polícia Militar, que ajudou na condução dos garimpeiros até a sede da Polícia Federal, no bairro São Vicente, zona Sul da Capital.
João Batista contou que a operação Were (jacaré, em Yanomami) começou no dia 06 passado e, quatro dias depois, chegou ao referido garimpo. “Recebemos há mais ou menos 45 dias a informação de que um motor rabeta havia sido furtado na região conhecida como Calha do rio Novo, que é um afluente do rio Apiaú. Então, realizamos investigações e chegamos aos garimpeiros”. No local, duas balsas extraíam ouro.
Ainda ontem, à noite, um delegado da Polícia Federal ouviu os garimpeiros que, ao final dos depoimentos, assinariam Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e responderiam em liberdade. “Como se trata de um crime de menor poder ofensivo, serão apenas enquadrados na lei de crimes ambientais, apesar da degradação no local ter sido grande, infelizmente”, lamentou João Batista.
O coordenador aproveitou para fazer um alerta às autoridades da área do meio ambiente. Disse que os aproximados 50 pontos de garimpo em atividade em terras indígenas Yanomami, em Roraima, estão contaminando as nascentes dos principais rios que abastecem a Capital. “É preciso a criação de uma força tarefa para combater este sério crime contra o meio ambiente”, alertou.
OPERAÇÃO – Sobre o nome Were, João Batista explicou que o jacaré sempre deixa algumas de suas presas escaparem, como ocorreu durante a operação.
Coordenador diz que 1.200 garimpeiros estão extraindo uma tonelada de ouro
O coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami / Yekuana, João Batista Catalano, afirmou que existem aproximadamente 1.200 garimpeiros atuando em terra indígena Yanomami, nos estados de Roraima e Amazonas, extraindo ilegalmente uma média de uma tonelada de ouro por mês.
“E a Funai não é responsável sozinha pela proteção e fiscalização das terras Yanomami. É obrigação legal também que outros órgãos ligados ao assunto nos apoiem nessas operações”, frisou.
Apenas a terra Yanomami abrange 9,6 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima, divididos para 272 comunidades indígenas distribuídas em sete municípios, com população estimada em 20.500 índios, segundo dados do último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É a sexta maior população indígena do País”, frisou o coordenador.
VER MAIS EM: TERRA YANOMAMI Funai prende 52 garimpeiros, mas só 25 chegam à Capital (hutukara.org)
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