Detentor da maior diversidade biológica do planeta, o Brasil assinou oficialmente, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a adesão à Plataforma Internacional de Informações sobre Biodiversidade (GBIF, na sigla em inglês). Criada em 2001, com sede em Copenhague, na Dinamarca, é considerada a maior iniciativa mundial com objetivo de disponibilizar dados com acesso livre sobre biodiversidade na internet.

O passo formal para se tornar membro da GBIF foi a assinatura do Protocolo de Entendimento GBIF pelo titular do MCTI, Marco Antonio Raupp. Essa iniciativa insere o País numa comunidade global que compartilha ferramentas, competências e experiências relacionadas com a gestão dos recursos de informações biológicas.

Segundo a presidente do Conselho de Administração da plataforma internacional, Joanne Daly, “a adesão é muito empolgante e todos os participantes na GBIF compartilharão este sentimento. Muitos países enxergam a participação do Brasil na GBIF como uma participação vital para os esforços globais de conservação e gestão da biodiversidade”.

“Não apenas o Brasil é um dos países de maior biodiversidade, mas seus cientistas são alguns dos profissionais mais ativos na ciência da biodiversidade e fazem uma extraordinária contribuição global”, observou Joanne.

Para o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, a decisão é um marco sobre a importância do conhecimento para a gestão dos imensos recursos naturais do País. “No ano da Rio+20, o Brasil mais do que nunca está assumindo um firme compromisso de direcionar as nossas políticas para o desenvolvimento sustentável”. É fundamental, segundo ele, “conhecer para proteger, conhecer para utilizar sustentavelmente”.

Biodiversidade – O Brasil abriga cerca de 15% de toda a biodiversidade do planeta em seis biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pampa, Mata Atlântica e Pantanal) e em sistemas costeiros e oceânicos.

Mesmo antes da adesão do Brasil à GBIF, mais de 1,6 milhão de registros relativos à biodiversidade nacional estavam acessíveis por meio do portal de dados da GBIF, provenientes de mais de 700 conjuntos de dados mantidos em 28 países.

Com a entrada para a plataforma, amplia-se a possibilidade de publicação dos diversos registros digitais que documentam a variedade excepcional de plantas, animais e outros organismos no País por meio da GBIF, a partir das instituições brasileiras de pesquisa, museus, herbários e redes de observação.

O objetivo do País é compartilhar experiências e estabelecer uma interface com o Sistema de Informações para a Biodiversidade e Ecossistemas Brasileiros (SIB-Br), um projeto do MCTI, em parceria com a organização Global Environment Facility (GEF), envolvendo um investimento de US$ 28 milhões.

Os cientistas brasileiros já são usuários expressivos de dados publicados por meio da plataforma: nos últimos três anos, pelo menos 18 trabalhos de pesquisas, de autores do Brasil, revisados por pares, citaram o uso de dados mediados pela GBIF. No mundo, em média, cerca de quatro artigos revisados por pares são publicados a cada semana com dados acessados através da rede GBIF.

América Latina – Inicialmente, o Brasil ingressa na plataforma como um participante associado, o que significa que, embora possa participar plenamente na publicação de dados e projetos de capacitação, não contribui financeiramente para o orçamento global da GBIF e não possui direto de voto no Conselho de Administração.

A partir da assinatura do protocolo de entendimento, como um participante associado, um país se compromete a se movimentar para a participação votante dentro de cinco anos. O Brasil se junta a Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, Nicarágua, Peru e Uruguai como integrante da GBIF na América Latina.

Iniciativa governamental – A organização Global Biodiversity Information Facility (GBIF) foi criada pelos governos em 2001 para incentivar o acesso livre e aberto aos dados da biodiversidade pela internet. Por meio de uma rede global de 58 países e 46 organizações, a GBIF promove e facilita a mobilização, o acesso, a descoberta e o uso de informações sobre a ocorrência de organismos ao longo do tempo e em todo o planeta. Atualmente, mais de 388 milhões de registros, de mais de 10 mil conjuntos de dados provenientes de 422 instituições, são publicados pela rede GBIF.

FONTE: JORNAL DA CIÊNCIA

Relacionada: Brasil ingressa na Plataforma Internacional sobre Biodiversidade (fiocruz.br)