As tropas do Batalhão de Engenharia do Exército devem concluir ainda hoje (28) a construção da estrutura que está sendo montada, desde a última sexta-feira (26), na Terra Indígena Marãiwatsédé, em Mato Grosso. Os galpões serão ocupados a partir de amanhã pelas equipes da Força Nacional de Segurança que já estão atuando, de forma precária, desde agosto, na região indígena, ocupada ilegalmente por produtores que desenvolvem atividades agropecuárias no local.
A área de quase 167 mil hectares no norte do estado pertence aos índios da etnia Xavante e vem sendo alvo de disputas entre fazendeiros e indígenas há 20 anos. Há pouco mais de uma semana, depois de várias decisões judiciais divergentes em tribunais de primeira instância, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizaram a desintrusão (retirada) de quase 7 mil não índios do local.
O centro de acompanhamento e controle da retirada também servirá de base para as equipes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal (PF), que darão apoio aos oficiais do Ministério Público Federal em Mato Grosso.
Os trabalhos conduzidos por cerca de 100 agentes do Exército e outros 100 agentes da PF, Funai e Incra devem durar entre 30 e 60 dias, segundo o coordenador-geral da Divisão de Movimentos de Campo e Territórios, Newton Luiz Tubino, em conversa com a equipe de reportagem da Agência Brasil.
“As equipes vão se instalar e aguardar a expedição dos mandados para notificar os posseiros. Esperamos que sejam expedidos, a partir da semana que vem, para que possamos montar a estratégia e fazer a notificação porque é uma área muito grande”, disse.
A expectativa das equipes é que a fase inicial de notificação seja tranquila e que os posseiros não apresentem qualquer resistência. Desde agosto, o governo tem adotado ações preventivas para evitar conflitos na região, como o acompanhamento, pelas tropas da Força Nacional, da área da aldeia e o monitoramento diário da BR-158, pela Polícia Rodoviária Federal. A rodovia que cruza a aldeia foi alvo de dois bloqueios apenas este ano.
“Vamos fazer tudo com calma, porque quanto mais calma melhor para todos. O Incra já está identificando áreas para reassentar os posseiros que têm perfil para o programa de reforma agrária. Ainda não temos dados concretos sobre quem está lá. Quando tentávamos fazer esse trabalho havia resistência, mas agora, com a decisão da Justiça, vamos conseguir”, disse Tubino.
FONTE : AGÊNCIA BRASIL
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