Após o apagão em áreas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e no Distrito Federal, no início deste mês, a presidente Dilma Rousseff desembarca no Maranhão para inaugurar a usina hidrelétrica de Estreito, a quinta maior da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2), com capacidade para abastecer uma cidade de 4 milhões de habitantes. Nesta quarta-feira (17), entrará em operação a oitava e última turbina da hidrelétrica, que pode produzir 1.087 megawatts.

No empreendimento, que atinge dois municípios no Maranhão (Estreito e Carolina) e dez no Tocantins, foram investidos R$ 5 bilhões, sendo que 60% desse total foi financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A hidrelétrica começou a sair do papel em dezembro de 2006, quando o Consórcio Estreito Energia (Ceste) conseguiu a licença ambiental para iniciar a obra. Em abril do ano passado, a primeira turbina entrou em operação.

“Em 2004 houve uma mudança no sistema para não termos outro racionamento. A ideia é nunca mais termos racionamento, porque os prejuízos são muitos”, disse Domingos Andreatta, diretor do Departamento de Monitoramento do Setor Elétrico do Ministério de Minas e Energia, questionado sobre o apagão do início deste mês.

Na construção da usina, segundo o Ceste, foram gerados 36 mil empregos diretos e indiretos na região. Cerca de 600 milhões foram aplicados em ações socioambientais e benefícios aos 12 municípios atingidos pela hidrelétrica. Segundo o diretor-presidente do Ceste, Carlos Castanho Júnior, cerca de duas mil famílias de ribeirinhos foram removidas e indenizadas, outras 200 estão em processo de negociação para remanejamento e os pescadores estão sendo assistidos, numa parceria com o Ministério da Pesca, para organização da produção em cooperativas.

“Além de gerar energia, a usina de Estreito é um vetor de desenvolvimento e inclusão social e econômica para a região. É um grande orgulho para nós termos na inauguração a presidente Dilma, a mãe do PAC e que era ministro quando iniciamos o processo para construção da usina”, disse Castanho.

A deputada estadual Valéria Macedo (PDT) reconhece a importância do empreendimento para a geração de energias, mas destaca problemas para as duas cidades maranhenses atingidas pela hidrelétrica. Segundo ela, a hidrelétrica teve impacto sobre a já precária infraestrutura urbana e de transporte de Estreito e Carolina. “É um empreendimento importante para o Brasil, mas para Estreito e Carolina foi um desastre”, disse a deputada.

A deputada afirmou ainda que as medidas ambientais foram paliativas: houve mortandade de peixes e a fauna e a flora do lago não foram removidas. Segundo Valéria, as indenizações pagas são baixas, o número de famílias atingidas é maior e o apoio aos pescadores não é o prometido pelo consórcio. “Há muita insatisfação na área. Os aspectos sociais e ambientais ficaram muito aquém do prometido”, disse a deputada.

O consórcio diz que na região da usina, na divisa dos estados do Maranhão e do Tocantins, construiu escolas, sedes para as polícias militar e civil, asilos e creches, além de ampliar postos de saúdes e reformar hospitais. Também doou ambulâncias, ônibus escolares e tratores para as prefeituras da região. Durante a construção da usina, foram desenvolvidos 39 programas socioambientais.

Segundo Castanho, a mortandade de peixes ocorreu quando a primeira turbina foi ligada. O fato foi informado ao Ministério do Meio Ambiente e não ocorreu quando as outras turbinas entraram em funcionamento. “É impossível fazer todos os testes sem impacto, pois estamos colocando um novo agente. É inexorável. Não conheço nenhuma hidrelétrica que não tenha problemas. Agora estamos acionando a oitava turbina e não tivemos mais mortandade”, disse.

Na comitiva da presidente estarão os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Gastão Vieira (Turismo) e Helena Chagas (Comunicação Social), além do governador do Tocantins, Siqueira Campos, e o governador em exercício do Maranhão, Washington Luiz de Oliveira.

FONTE :Edições – Jornal da Ciência (jornaldaciencia.org.br) 4605, 17 de outubro de 2012 Archives – Jornal da Ciência (jornaldaciencia.org.br)