Para marcar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado no dia 9 de agosto, as organizações indígenas de Roraima fizeram uma manifestação, na manhã de ontem, com concentração em pontos diferentes da cidade. A primeira parada foi em frente à Assembleia Legislativa do Estado (ALE), depois Palácio do Governo, Ministério Público Federal e, por último, na Advocacia-Geral da União (AGU).

Conforme Mário Nicácio Wapichana, coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), os motivos da manifestação foram dois: primeiro, comemorar a data reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, o segundo, protestar contra violações dos direitos indígenas.

“Viemos solicitar a revogação imediata da Portaria 303/2012 da Advocacia-Geral da União e outros decretos como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 que ferem diretamente nossos direitos como Povos Indígenas”, disse.

A chuva não atrapalhou o percurso das quase 700 pessoas que carregavam cartazes com frases de protestos. Havia representantes das dez etnias existentes no Estado. A Marcha dos Povos indígenas vai resultar num documento contendo as reivindicações dos indígenas que será entregue para as autoridades do governo.

Para o indígena Elizeu Xirixana, o protesto reforça a luta dos Povos Indígenas. Pois há 40 anos buscamos melhorias na saúde, educação e políticas públicas que beneficie a todos.

Para dar força à Marcha foram convidados membros dos sindicatos dos trabalhadores urbanos e rurais, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Seção Sindical dos Docentes de Universidade Federal de Roraima (Sesduf) e outros sindicatos.

Professores indígenas protestam contra as condições das escolas

Apesar da chuva, centenas de indígenas de várias regiões participaram do movimento

O coordenador das Organizações dos Professores Indígenas de Roraima (OPIR), Telmo Ribeiro, foi um dos participantes da mobilização. Ele destacou que uma das vertentes das reivindicações é em relação à saúde e educação indígena, pois as escolas se encontram em situações precárias.

“Nossos direitos devem ser respeitados não só como indígenas, mas como seres humanos. Acreditamos que os filhos dos deputados e do governador não estudam em escolas públicas, portanto não sabem o caos que está a educação em Roraima. Da mesma forma está a saúde, bem diferente do que é mostrado nas propagandas. Estamos aqui colocando a realidade da saúde e da educação”, disse.

Ele informou que foi solicitado reforma nas escolas, mas não foram atendidos. Os alunos, muitas vezes, são obrigados a interromper as aulas por conta das goteiras nos tetos das escolas.

“Os alunos estudam em igrejas, malocões e até debaixo de mangueira. Temos lugares sem acesso porque as pontes caíram. Não adianta ter transporte se não existem estradas. Queremos que o governo analise isso e nos dê respostas”, ressaltou. 

FONTE : Folha de Boa Vista