Roraima ainda não dispõe de uma catalogação precisa de suas espécies vegetais e animais. Segundo a analista ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama/RR), Iana Carmem de Souza e Silva, em 2006 foi publicada a instrução normativa 160, que trata do cadastro de catalogação de coleção biológica, também conhecido como CCBio.Ela explica que de 2006 a 2012, o assunto passou por estudos e vários debates para agora ser aprovado o desenvolvimento de um sistema, com a inclusão no plano diretor de tecnologia da informação do Instituto, com data prevista de conclusão até o final deste ano.

“Museu Integrado de Roraima, UFRR, CMBio e outros órgãos, cada um tem sua base de dados de catalogação. E a partir da implantação do sistema, o Ibama vai coletar tudo o que já foi levantado em Roraima até o momento”, antecipou.

A analista explicou ainda que o Ibama atualmente trabalha apenas com listas nacional e internacional de animais e vegetais ameaçados de extinção. É o caso de todos os quelônios da Amazônia. “É o animal mais perseguido em Roraima”, lamenta.

Depois das tartarugas e tracajás, como são conhecidos na região, papagaios e araras também aparecem na lista dos ameaçados. Por isso, segundo Iana, esses animais recebem proteção especial por parte do Ibama.

“Não peguem esses animais silvestres para criar porque é crime. Além disso, eles podem transmitir doenças, as zoonoses”, alertou. Outro motivo para não se criar os animais em casa: no caso da apreensão, a multa é de R$ 5 mil por animal, por ovo ou até mesmo por partes, como pé, dente, garra ou couro.

“Se criar outro animal silvestre fora da lista de extinção, a multa é de R$ 500. Muita gente não percebe, mas o Curió, por exemplo, é um animal silvestre altamente traficado, chegando a custar até R$ 10 mil. As pessoas devem ter permissão para criá-lo”.

A criação de pássaros, como o citado Curió, pode ser permitida, mas o dono tem que comprovar a origem do animal com a devida apresentação da nota fiscal. “É bom ressaltar que hoje o Ibama dá prioridade ao combate contra o desmatamento. Contudo, continuamos com as fiscalizações de crimes praticados ao meio ambiente”.

VERDE – Engana-se quem pensa que existe apenas animal na lista de extinção. Os vegetais em Roraima também correm iminente risco. É o caso de algumas orquídeas silvestres e cactos. A analista avisa que a multa é a mesma praticada no caso de animais em risco de extinção.

“Devemos entender que tudo que é da natureza é do bem de todos. Então, ninguém individualmente pode se apropriar de animais ou vegetais silvestres”, alertou a analista.

“Biodiversidade regional é rica e incalculável”, diz pesquisador

O doutor Marcos Vital, coordenador do curso de programa de pós-graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Roraima (UFRR) disse que a biodiversidade roraimense é incalculável porque ainda é desconhecida e pouco explorada pela ciência.

Também coordenador do programa de estudos da Biodiversidade (PPBio), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcos informou que os estudos científicos acontecem nas Amazônias Ocidental e Oriental, e na Caatinga. “Estudamos a biodiversidade nessas regiões com sua possível disponibilização para a biotecnologia, ou seja, buscamos produtos a partir de organismos vivos”, explicou.

Mas o trabalho dos cientistas, segundo o doutor Marcos, não fica apenas no campo das experiências. As pesquisas também contribuem para a sustentabilidade, uma vez que a natureza permanece intacta mesmo com as explorações científicas. Hoje, ele cita quatro áreas de estudo: a estação ecológica de Maracá, parque nacional do Viruá, campus do Cauamé e a estação experimental Água Boa (da Embrapa).

“E nestes locais trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, onde estão envolvidos pesquisadores da UFRR, Embrapa, Inpa e Uerr. É uma verdadeira força tarefa de pesquisadores, tentando conhecer a região. Só da UFRR são 20 profissionais que atuam no PPBio”.

O coordenador informou também que Roraima é o estado brasileiro de menor degradação ambiental, mas que possui o menor nível de conhecimento da sua biodiversidade. “Por isso a importância dessa força tarefa: explorar de maneira sustentável a rica biodiversidade da região”.

Até o momento, 50 mestres já se formaram no curso de pós-graduação em Recursos Naturais da UFRR. “E esses profissionais estão trabalhando no IBAMA, Femact, Embrapa e outros órgãos que lidam com o meio ambiente”.

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